Ter vida sexual ativa implica responsabilidade

EDITORIAL -

Data 24/08/2025
Horário 04:15

Entre janeiro e julho de 2024, o Ambulatório Médico Municipal SAE/CTA (Serviço de Atendimento Especial/Centro de Testagem e Aconselhamento) de Presidente Prudente notificou 189 casos de sífilis adquirida. No mesmo período deste ano, o número caiu para 145 — uma redução de 23%. À primeira vista, os dados parecem positivos. Contudo, diante do comportamento silencioso da doença e da baixa procura por testagem, o alerta continua: a sífilis segue presente, e talvez, mais escondida do que nunca.
Classificada como uma IST (Infecção Sexualmente Transmissível), a sífilis é causada pela bactéria Treponema pallidum e pode ser transmitida por contato sexual desprotegido — anal, vaginal ou oral. Muitas vezes, não apresenta sintomas evidentes nas fases iniciais, o que contribui para a sua propagação silenciosa e perigosa.
Em matéria publicada por este jornal, o infectologista André Luiz Pirajá da Silva destacou um ponto essencial: “As pessoas têm medo de se testar”. E é justamente esse receio que ajuda a perpetuar o ciclo da infecção. Quando não diagnosticada e tratada, a sífilis pode causar complicações graves, inclusive neurológicas e cardíacas, além de riscos à gestação e ao bebê, no caso da sífilis congênita.
A redução nas notificações, portanto, não pode ser automaticamente interpretada como diminuição real da incidência. Pode ser, sim, reflexo de uma diminuição na testagem. E isso é preocupante.
É preciso insistir na conscientização: ter uma vida sexual ativa implica responsabilidade com a própria saúde e com a do outro. O teste é rápido, gratuito e disponível no sistema público de saúde. A prevenção continua sendo o melhor caminho, mas o diagnóstico precoce e o tratamento adequado salvam vidas — e evitam a transmissão.
Mais do que números, é necessário enfrentar tabus. Falar sobre ISTs sem preconceito é uma questão de saúde pública. Reduzir o medo, aumentar a informação e garantir o acesso facilitado aos serviços de testagem são passos urgentes para que o combate à sífilis não se perca na aparente calmaria dos dados.
 

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