Timburi pode se tornar Área de Proteção Ambiental

Líderes do movimento em defesa do bairro levaram ideia ao Executivo e agora devem elaborar estudo que comprove viabilidade

PRUDENTE - ANDRÉ ESTEVES

Data 03/04/2018
Horário 19:11
José Reis - Bairro rural foi visado para a implantação de um aterro, mas moradores defendem preservação
José Reis - Bairro rural foi visado para a implantação de um aterro, mas moradores defendem preservação

Em setembro do ano passado, a população do bairro rural Timburi, em Presidente Prudente, foi tranquilizada com a notícia de que o prefeito Nelson Roberto Bugalho (PTB) não renovaria a licença de ocupação do solo para a instalação de um CGR (Centro de Gerenciamento de Resíduos) na área. Passados seis meses, a comunidade mostra que ainda não abriu mão da luta em defesa da preservação histórica e ambiental da localidade. Na segunda-feira, um grupo de moradores se reuniu ao chefe do Executivo para apresentar a proposta de transformar a área em uma unidade de conservação. O objetivo é impedir que novos empreendimentos, como o aterro sanitário, por exemplo, sejam implantados ali e tragam prejuízos para a biodiversidade local.

De acordo com a Secom (Secretaria Municipal de Comunicação), o prefeito, que já atuou como promotor de Justiça do Meio Ambiente, informou aos interessados as diferentes modalidades existentes e que, no caso do Timburi, a mais viável seria a APA (Área de Proteção Ambiental), modelo destinado à proteção e conservação dos atributos bióticos (fauna e flora), estéticos ou culturais, considerados importantes para a qualidade de vida da população e para a proteção dos ecossistemas regionais.

A municipalidade explica que agora aguarda a apresentação de um estudo sobre as características do bairro para, a partir disso, elaborar um projeto de lei a ser encaminhado à Câmara Municipal. “Todos os estudos e eventuais despesas com a criação da unidade de conservação são de responsabilidade dos interessados e, portanto, devem ser custeados pelos mesmos. A Prefeitura realiza apenas o acompanhamento”, esclarece.

 

Proposta preliminar

O membro da Comissão do Movimento em Defesa do Timburi, José Hilário Pasquini, aponta que a iniciativa segue um exemplo que ocorreu em uma cidade do Nordeste do país, onde a movimentação da comunidade impediu que uma área ecológica recebesse um aterro sanitário. Segundo ele, a população é “muito determinada” e está empenhada em manter as tradições do bairro e evitar episódios como aquele registrado no passado. “A mobilização dos moradores é o grande triunfo do Timburi”, comenta.

O próximo passo, conforme o também membro da comissão, Raul Borges Guimarães, é reunir todos os estudos já realizados pela FCT/Unesp (Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Estadual Paulista) a respeito daquela área para elaborar uma proposta preliminar. Tais pesquisas já são desenvolvidas há mais de 30 anos e envolvem diferentes vertentes de estudo, desde análises geológicas até das águas subterrâneas. “O Timburi é uma propriedade muito estudada e todos esses trabalhos contrariam o que a empresa [Estre] defendeu na época que pretendia instalar o CGR no bairro”, pondera.

A reportagem solicitou um posicionamento para a Cetesb (Companhia Ambiental do Estado de São Paulo) a fim de saber como funciona a sua participação neste processo, no entanto, não obteve resposta até o fechamento desta edição

Questionada sobre as providências que tomou quanto ao seu projeto no Timburi, a Estre Ambiental reiterou, em nota, que segue à disposição para dialogar e prestar qualquer esclarecimento sobre a viabilidade do projeto do Centro de Gerenciamento de Resíduos de Presidente Prudente. “Desenvolvido em acordo com a legislação vigente e exigências dos órgãos responsáveis, o empreendimento prevê a criação de mais de 300 vagas para profissionais diretos e indiretos durante a construção e posteriormente para operação. Além de oferecer alternativa de destinação de resíduos com excelência operacional referenciada em práticas internacionais, a unidade agregará novas receitas em impostos para o município e benefícios sustentáveis para a sociedade”.

 

 

 

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