O atletismo brasileiro viveu uma grande frustração hoje nos Jogos Paralímpicos de Tóquio 2020. E os prudentinos então, que acompanhavam ao vivo pela TV, muitos sentiram um aperto no peito ao ver o choro da atleta Jerusa Geber dos Santos (T11) quando, logo após a largada dos 100 m (metros) rasos, ela e seu guia Gabriel dos Santos Garcia pararam. Não dava para saber de imediato o que havia acontecido até a imagem ser mostrada bem de perto: “a corda-guia arrebenta” levando o sonho da medalha de ouro paralímpica de Jerusa. Mas, como diz o seu esposo e treinador Luiz Henrique Barbosa da Silva, na noite de 1º de setembro, ela volta à mesma pista para disputar os 200 m rasos, às 22h (horário de Brasília), prova que ela foi bronze em Pequim, em 2008. Então vamos torcer!
Outra brasileira também estava na prova. Isso mesmo, era pra ser dobradinha brasileira, ou no mínimo uma medalha. Thalita Simplício chegou a cruzar a linha de chegada em terceiro lugar, mas perdeu o bronze porque também foi eliminada após a ligação dela com o seu guia Felipe Veloso escapar. O ouro ficou com a venezuelana Linda Perez Lopez, com 12s05, e a chinesa Cuiquing Liu, com 12s15, com a prata.
Já era de tarde e Luiz ainda não havia conversado sobre o assunto com a atleta, que é a melhor do mundo em sua categoria. De acordo com ele, não seria bom, pois ela precisava se reerguer e ficar bem para a prova de amanhã. Ele disse que estavam todos bastante pensativos ainda. Mas que o Criador já está os reerguendo! Que não foi fácil ver a Jerusa naquela situação, pois além de torcedor (porque ele estava daqui assistindo as provas pela TV), ele sempre estava passando as informações pra ela e o Gabriel, sobre o que estava vendo enquanto treinador, o que estava acontecendo.
“Aí chega o momento dela... Ela tinha chances tranquilas de ganhar a medalha de ouro. Não é desmerecendo de forma alguma as outras concorrentes, mas ela estava muito superior”, destaca.
Conforme Luiz, a preparação de Jerusa foi feita pra quebrar o recorde paralímpico. “Ver ela naquela situação, chorando, e estar longe, é triste. Será que se eu estivesse lá por perto seria diferente? Talvez eu não conseguisse evitar isso, mas a minha presença talvez seria outra atmosfera, né. Mas, ela continua sendo a recordista mundial e o fator competição é indiferente, porque a gente ama o atletismo, que pra gente é uma superação”, frisa o esposo.
E ele lembra que sempre falava pra ela antes das Paralimpíadas que, independente de outra coisa, depois dessa competição, sua ideia era fazê-la quebrar e trabalhar para um novo recorde. “Porque a gente trabalha assim, muito otimista, o Time da Jerusa é dessa forma sempre abençoado pelo Criador. Então, agora é se reerguer. Conversei com o Gabriel, o acalmei, o lembrei da importância que eles têm um para e com o outro, que formam um time e que isso são coisas que transcendem e não tem como a gente controlar. Mas, futuramente dá para se evitar”, destacou Luiz.
Ao pedir que ele explicasse sobre a guia, Luiz disse que o item é fornecido pelo próprio CPB (Comitê Paralímpico Brasileiro). “Antigamente eu mesmo fazia as guias da Jerusa, tendo certa precaução. Então a gente confiava muito no que fazia. Mas surgiu uma regra nova sobre o formato que deveria ser padronizado. Então uma empresa passou a fabricá-las e fornecer ao Comitê que distribui aos atletas”.
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Prudentina ficou desconsolada após o ocorrido e chorou muito