Trotes aos serviços de emergência: irresponsabilidade que pode custar vidas

EDITORIAL -

Data 03/08/2025
Horário 04:15

Em pleno século 21, ainda enfrentamos um problema tão absurdo quanto recorrente: os trotes telefônicos dirigidos aos serviços de emergência, como Polícia Militar (190), Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência - 192), Corpo de Bombeiros e demais órgãos públicos essenciais. A prática, infelizmente comum, revela não apenas a falta de conscientização da população, mas também um profundo desrespeito com os profissionais da segurança e da saúde — e, sobretudo, com a vida humana.
Para se ter uma ideia, como noticiado por O Imparcial, entre janeiro e junho, 275.810 ligações foram registradas pelo CPI-8 (Comando de Policiamento do Interior) ao telefone de emergência 190. Destas, 17.751 foram categorizadas como trotes, representando 6,44% das chamadas. Na região de Presidente Prudente, não somente a Polícia Militar recebe tais ligações falsas ou enganosas, no que diz respeito aos serviços de emergência, já que o 14º GB (Grupamento de Bombeiros) também catalogou, no primeiro semestre, 41 trotes por ligações, sendo 14 feitos por adultos e 27 por crianças. Ainda, no período, foram 139 trotes de ocorrências ao telefone 193.
A ligação falsa pode parecer inofensiva para quem a realiza, muitas vezes de forma inconsequente ou como uma suposta brincadeira. No entanto, o impacto dessa atitude é grave e real. A cada chamada que mobiliza ambulâncias, viaturas ou equipes inteiras de resgate para um local onde nada acontece, outra pessoa em situação de emergência verdadeira pode ser negligenciada. O tempo desperdiçado com deslocamentos desnecessários pode ser fatal para quem aguarda socorro.
Isso gera custos significativos aos cofres públicos — combustível, desgaste de viaturas, horas de trabalho perdidas — além de sobrecarregar um sistema que já opera no limite em muitas regiões. É dinheiro público que poderia ser investido em equipamentos, treinamento ou na ampliação dos serviços, sendo desviado para atender a falsas ocorrências.
Mais do que uma infração administrativa ou criminal, o trote é um reflexo da falta de educação e empatia social. Ele mostra como parte da sociedade ainda não compreende a importância da responsabilidade coletiva. É essencial que campanhas de conscientização continuem sendo realizadas, especialmente nas escolas, onde muitos desses trotes têm origem. Mas também é hora de avançar na aplicação da lei, punindo com mais rigor quem insiste nesse tipo de conduta.
Ao ligar para um número de emergência, o cidadão assume uma responsabilidade. Do outro lado da linha, há profissionais preparados para agir com rapidez e salvar vidas. Brincar com isso é, no mínimo, criminoso. Trotes não são piada. São uma ameaça à vida de quem realmente precisa de socorro. 
 

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