Hoje vou apresentar um resumo de um dos casos do meu livro, “Casos Empresariais: a tomada de decisão na prática”, que é o caso número 1. Esse caso é de uma empresa de transporte de passageiros e tem dois personagens principais, respectivamente Gilberto e Derlindo.
No mercado há mais de 50 anos, a empresa possui uma frota de 285 ônibus e opera no transporte intermunicipal na região Sudeste, mantendo padrões de qualidade e segurança reconhecidos pelas certificações ISO. Com sede própria, onde estão instaladas a administração central, a oficina mecânica, a elétrica, a borracharia, a pintura, a área de abastecimento e o estacionamento para a frota. Além disso, possui diversos pontos de apoio (garagens) em cidades consideradas estratégicas para o seu negócio, em virtude da necessidade de parada dos veículos. Os personagens principais são Gilberto e Derlindo.
O Gilberto é um profissional experiente e é o atual gerente operacional. Sua contratação foi recomendada por um amigo do dono da empresa, que informou tratar-se de um profissional com vasto conhecimento para identificar falhas nos processos e propor soluções com foco na melhora dos índices de eficiência e, consequentemente, redução nos custos da operação. A recomendação inicial foi a de contratar o mesmo como consultor, função na qual vinha atuando no mercado, entretanto, como a empresa não tinha uma pessoa específica para cuidar do setor operacional, foi feita uma proposta para contratar Gilberto como gerente operacional e ele aceitou. Faz quase um ano e meio que ele está na empresa.
Já Derlindo foi contratado há cinco meses como gerente financeiro e vem recebendo pressão de Gilberto para o pagamento integral de três fornecedores, cujos prazos de pagamento foram renegociados para evitar pegar recursos no banco. O interessante é que essa pressão só está sendo feita por Gilberto e isso acendeu a luz de alerta sobre um possível esquema de recebimento de comissões por fora dos serviços encaminhados às oficinas.
Derlindo identificou um aumento significativo nos serviços realizados em oficinas externas nos últimos meses, com custos de peças muito acima do valor normal. Conversas informais com mecânicos da empresa sugerem que a própria oficina da empresa é subutilizada devido à influência do coordenador da oficina, indicado por Gilberto, que dificulta a realização de serviços internos. Além disso, aproximadamente metade dos veículos consertados externamente, acaba retornando com novos serviços faturados pelas mesmas oficinas, o que reforça a suspeita de superfaturamento e desvio de conduta.
Derlindo acredita que diante dos fatos verificados, Gilberto possa estar envolvido nesse esquema, dado seu interesse em priorizar os pagamentos a essas três grandes oficinas. As suspeitas colocam em xeque a integridade das práticas comerciais da empresa e a conduta ética de Gilberto como gerente operacional.
Se você fosse Derlindo, qual seria a sua decisão a partir de agora?