Ao longo de 35 anos atuando como médico, ouvi muito a seguinte frase: “Doutor, arruma um ‘remedinho mais forte’ para eu dormir, passo a noite inteira acordado(a)!”
Muitos ainda acreditam que dormir é “perda de tempo na vida que já é tão curta” e assim “sequestram” algum período do sono para assistirem sua série favorita, fazer uma hora extra ou ir à academia. Mas a qualidade do sono é essencial e um terço da população mundial não o tem adequadamente.
Com a velhice e aposentadoria, temos menos atividades consumindo boa parte do tempo, entretanto, ao não saber empregar este grande período disponível, aquele cochilo invariavelmente ocorrerá. Uma das maiores reclamações dos filhos ou netos é sobre o sono dos seus papais, vovós ou sogros, com troca de horários, intermináveis cochilos durante os dias e noites e mais noites acordados andando para cá e para lá, fazendo barulho e atrapalhando o sono da família. Tive uma paciente de 92 anos que dormia apenas duas horas por dia!
É importante que o idoso identifique seu padrão e perfis do sono, que são três: há as pessoas matutinas (dormem e acordam mais cedo), as vespertinas (dormem mais tarde, acordando perto da hora do almoço) e as noturnas, que “trocam o dia pela noite”.
Não dormir bem baixa a imunidade e aumento riscos de infecção, gripes, dentre outras condições, aumenta irritabilidade e fadiga e dificulta socialização. Enganar o corpo ou a mente, diminuindo mesmo uma hora do sono, já no curto prazo produzirá vários problemas, como desajustes físico-psíquicos e diminuindo a expectativa de vida, contribuindo para morte prematura devido a distúrbios cardiovasculares, pulmonares e endócrinos. Quem dorme o suficiente acorda de melhor humor e tem mais agilidade mental, melhores ideias.
Ah, e sabe a paciente de 92 anos que mencionei? Ao seguir as orientações em conjunto com medicamentos, passou a conseguir dormir de quatro a cinco horas por dia. Melhor qualidade de vida!
