Uma região alienada

Roberto Mancuzo

CRÔNICA - Roberto Mancuzo

Data 04/10/2022
Horário 06:00

Não dá para não ignorar isso. A região de Presidente Prudente se mostrou, mais uma vez, completamente alienada da importância política que é ter representantes nos cargos de deputado em âmbitos federal e estadual. 
Apenas um nome, Mauro Bragato (PSDB), conseguiu estar entre os eleitos e isso é, de fato e não desmerecendo a qualidade do deputado, muito pouco, considerando que temos uma quantidade razoável de eleitores, cerca de 700 mil, suficiente para eleger quantos fossem os candidatos. 
Tudo bem que a conta não é bem assim. Não dá para simplesmente distribuir votos entre os candidatos e tudo bem, mas apenas um deles foi eleito? E aí quero trabalhar causa e efeito.
Primeiro as causas: o que gerou esta discrepância? Tenho em mente alguns fatores. Primeiro o fato de que há alguns anos que realmente não temos representantes que puderam nos encher os olhos com ações pródigas para a região e se assim o fizeram falharam na comunicação destes feitos. 
Depois posso qualificar que as nossas entidades representativas foram muito tímidas em promover ações de conscientização. Tivemos uma ou outra ação de entidades representativas, mas que ao final se mostraram pouco eficientes. E mesmo a mídia jornalística local investiu pouco nesta conscientização. Em todos os casos, não sei se por medo de entrar de cabeça em um terreno pantanoso ou falta de uma estratégia maior mesmo. Enfim, fizeram algo, mas o resultado pífio mostra que não levaram.
Terceiro, a mesmice dos nossos candidatos em promover campanhas que realmente alinhassem dores, desejos e necessidades de todos nós eleitores. 
Aliás, vejo que nunca uma eleição estava tão ganha por aqueles que se dispusessem a ter um discurso mais alinhado com o público e menos politizado no sentido tradicional da palavra. 
Em um cenário de medo e economia em baixa, era só trabalhar projetos e ações que visassem a melhoria efetiva da vida do povo. E neste ponto digo atos que tivessem tangilbilidade, ou seja, que demonstrassem por A + B que era possível crescer profissionalmente, ter mais renda e, consequentemente, uma vida melhor.
O que vimos, porém, foram as mesmas promessas de desenvolvimento regional, indústrias, saúde, educação e segurança. Tudo o que é uma obrigação de um deputado lutar e que não pode ficar simplesmente como promessa. Vago demais. O que tem de real e concreto em frases de campanha que dizem: “Vou lutar por uma educação melhor para a nossa região” ou “A região oeste de São Paulo viverá uma fase de desenvolvimento”. Vazio, cafona e brega. Ninguém acredita mais nisso e nem aguenta. Aliás, fica a dica para a próxima campanha de prefeitos. Ou melhora esta comunicação ou os candidatos vão ficar sofrendo nas mãos de arquiteturas velhacas e velhas de comunicação. E nós, eleitores também, né?
Por fim, uma causa para esta tristeza política tem a ver com a polarização entre esquerda e direita. Essa praga provoca muitos estragos e um deles é tirar de foco tudo aquilo que é local. Muitos eleitores, de ambos os lados, optaram por votar em nomes mais “famosos” ou mais “midiáticos” porque as cabeças de chave assim pediam. Enquanto brigavam eles por um lado ou pelo outro e todos contra si, deixamos de lado os nomes locais e vamos amargar mais quatro anos de esmolas. 
O que nos leva ao efeito desta realidade: uma região sem representantes fica a mercê da boa vontade de quem quer que seja. Segurança, educação, saúde sempre teremos. São garantias constitucionais e de uma forma ou de outra as decisões são nacionalizadas. O problema é que haverá, mais uma vez, um conjunto de pouquíssimos projetos específicos para as características populacionais e as potencialidades econômicas regionais. 
Mais quatro anos. Quatro anos!

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