Universo virtual, sua herança e novos desdobramentos

Uma professora foi agredida por alunos do 6º ano do ensino fundamental, em sala de aula, no Colégio Pedro II, no Humaitá, no Rio de Janeiro, nessa última sexta feira, dia 22. A agressão foi motivada por um desafio em uma rede social. O desafio chamado “slap your teacher challenge” que quer dizer, “desafio dê um tapa em seu professor”. Consiste em um aluno bater no rosto do professor e filmar a agressão para publicar nas redes sociais. 
O caso gerou revolta entre toda a comunidade docente do colégio, inclusive de outras unidades. Grupos discutem medidas para proteger os profissionais de agressões. Também foram realizadas atividades com os alunos, relativas aos fatos e estímulos em direção às reflexões. O departamento defende que sejam tomadas medidas “enérgicas” para responsabilizar os autores da violência rapidamente, para prevenir futuros incidentes semelhantes. 
Ana Paula Loureiro é o nome da professora agredida. O desafio foi iniciado no TikTok nos EUA, em outubro de 2021. Infelizmente, tem-se observado um aumento significativo, por parte do corpo discente, de ações que geram violência, decorrentes de vários fatores, mas principalmente, por falta de respeito, de limites, empatia e comprometimento ao próximo. São urgentes reflexões e discussões sobre a escola e todo o contexto envolvido. 
São muitos conflitos geracionais e sociais e com intensidade e recorrência como o acima descrito. Foi-se o tempo em que dávamos rosas, perfumes e flores para as professoras. E que tínhamos até inibição em pedir para ir ao sanitário. A contemporaneidade, caudalosamente, potencializa em seu percurso virtual impregnações da indiferença, da racionalidade, desrespeito e delinquência. O horror e o bizarro tornam-se rotina em nosso cotidiano e no contexto educacional. O excesso de virtualização extingue gradativamente a socialização, humanização, preceitos, identidade, valores, ordem e hierarquia; uma linha demarcatória de fronteiras.
Banalizações de atos delinquentes, como os de: horror, bullying, do desrespeito, etc., crescem em progressões geométricas. Tudo torna-se normal e seguimos adiante como se nada tivesse acontecido. Bater, dar tapas, furar pneus, amassar carro de professora está caindo na impunidade. Tudo começa em casa, a família e todo o seu contexto é fundamental. A criança precisa brincar, deixe que ela crie os seus brinquedos e as suas formas de interagir com eles. Precisamos acudir, repensar e refletir sobre os modelos de crianças que teremos ou que sonhamos no adulto do futuro.

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