Vaidade – delinquência – ganância

Saber tolerar envolve maturidade. Maturidade não se adquire de um dia para o outro. Não se trata de algo concreto e sim, de grande abstração. E sua construção é gradativa. Tudo começa em casa, principalmente nas vivências e experiências emocionais, e na presença de um continente com capacidade para conter conteúdos múltiplos. A família e sua configuração são chaves que destrancam caminhos para o desenvolvimento e crescimento. A mãe suficientemente boa prepara o bebê para ilusão e desilusão gradativa já desde o nascimento. Oscilações que vão desde integração até desintegração durante toda nossa formação psicológica ou mental são naturais. É preciso construir equipamentos subjetivos.

Transitamos da dependência absoluta à dependência relativa. Na falha da família poderá, como efeito dominó, estabelecer uma sequência de quedas em direção ao caos na contemporaneidade. Pequenas controvérsias, ínfimas frustrações, adversidades, perdas ou lutos levam a grandes desajustes, desequilíbrios, desestabilizações. Há intolerância que provoca desajustes de toda uma sociedade. Como líderes que exercem suas funções na política, por exemplo.

Tolerância constituída e incorporada na personalidade e caráter, através do viés da maturidade, implicará em atitudes tanto individuais como grupais de consensos evolutivos e éticos. Onde todos sairão ganhando. Alguns políticos são intolerantes à sua condição de origem, principalmente quando se trata dos aspectos: socioeconômico ou cultural. Não se pode perder-se, (eu próprio), principalmente diante de uma liderança, fruto de uma votação democrática, ainda mais com o dinheiro público ou alheio. Política é diferente de político. A política envolve maturidade, ética e um pensamento social e democrático.

Nós, psicanalistas, temos uma forma de trabalhar onde a neutralidade e abstinência são aspectos fundamentais para estabelecer a parceria e um “casamento” com nossos pacientes/clientes. Imaginam vocês se, nas sessões de análise, quisesse falar só de mim ou como penso? Durante uma sessão de análise, o paciente é a prioridade. Como pode um político/líder, como um presidente da República, não saber tolerar e discernir - que aquela grande soma em dinheiro, arrecadado pela cobrança dos impostos - não lhe diz respeito, e não é seu? E que do povo vem, e para o povo volta.

Tolerar e domar o bicho-vaidade-delinquência-ganância que, instintualmente, emerge consciente e inconscientemente, é fruto de maturidade e herança de uma boa formação familiar. Ser bicho voraz- possessivo- corruPTo- delinquente com o dinheiro do outro é fácil. O difícil é manter-se neutro diante desse impasse. Quando alguém se perde despersonalizando e dirige-se na direção da corrupção, esse ser ainda se encontra em sua própria procura. Certamente está vagando no caos. E levando para o caos toda uma nação. Que Deus nos acuda. Amém.

Publicidade

Veja também