Vida de Cachorro

Sandro Villar

O Espadachim, um cronista que avisa: o Brasil é o país do futuro... incerto

CRÔNICA - Sandro Villar

Data 14/08/2020
Horário 05:30

Nos tempos atuais quem leva vida de cachorro mesmo são os pobres, principalmente aqueles que estão em situação de rua. Enfim, os moradores de rua, outrora chamados de mendigos. Mas sabem como é: mendigo é uma palavra "forte" e, por imposição do politicamente correto, criaram as expressões "moradores em situação de rua" e "moradores de rua". 
Tudo isso não passa de eufemismo, que é quando substituímos uma palavra mais contundente por outra mais amena. Por exemplo: você não precisa tachar alguém de mentiroso. Diga apenas que a pessoa "faltou com a verdade". 
Ela não vai sentir-se tão ofendida. Abençoado seja o tal de eufemismo, que, às vezes, nos poupa de saias-justas. É isso aí. Cinismo e ironia acima de tudo, tudo de acordo com a atual conjuntura.
Depois destas explicações talvez necessárias, vamos em frente que atrás vêm os cabos eleitorais, que deveriam ser promovidos a sargentos eleitorais. Cachorro, o melhor amigo do homem e, de tabela, da mulher, leva uma vida bem mais confortável em comparação com boa parte da população, a maioria pobre, de acordo com o IBGE. Nada de lei do cão para o cão.
Dependendo das posses de seus donos, a cachorrada come do bom e do melhor, tem assistência veterinária, que não é barata, e também dispõe de hotéis especiais, quando seus donos viajam. É bem verdade que os vira-latas que perambulam pelas ruas, a exemplo dos moradores de rua, levam vida de cão, mas alguns têm sorte e são adotados.
Já os cachorros com "famílias constituídas" estão, pode-se dizer, por cima da carne-seca e até da carne molhada. Longe vão os tempos em que os cães, principalmente os grandalhões, eram usados como cães de guarda. Os cachorros dormiam fora da casa. Tinham sua casinha no quintal ou na garagem. Sua missão, claro, era guardar a casa intimidando os ladrões.
Que cão de guarda, que nada, sô!  Hoje em dia - e até hoje em noite - o cachorro dorme dentro de casa e, pelo que sabemos, na cama com o dono. Ou com a dona. Quando a família vai dormir, o cachorro é o primeiro a se aboletar na cama e a casa que seja vigiada pelo guarda noturno, este sim um profissional que leva vida de cão.

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