A prisão em flagrante de um homem no Residencial Olga Rheingantz Elliz, em Presidente Venceslau, na noite de domingo, escancara mais uma vez o drama persistente da violência doméstica no Brasil. O acusado, que invadiu a casa da mãe de sua filha, danificando o portão e uma janela da residência, além de ameaçá-la de morte, representa não apenas um agressor individual, mas o retrato de um problema sistêmico que vitima, diariamente, milhares de mulheres.
A atuação rápida da Polícia Militar ao capturar o homem e conduzi-lo à Delegacia da Polícia Civil, onde ele permanece à disposição da Justiça, merece reconhecimento. Contudo, o ciclo da violência não se rompe apenas com a repressão imediata. É preciso ir além: prevenir, educar e proteger.
A mulher ameaçada, como tantas outras, foi violentada não apenas fisicamente, mas emocionalmente e psicologicamente, muitas vezes em seu próprio espaço, onde deveria encontrar segurança. A casa, que simboliza abrigo e estabilidade, se transforma em campo de medo e insegurança quando os vínculos familiares se pervertem em controle, agressividade e dominação.
Casos como esse, infelizmente, não são exceção. E a naturalização dessa realidade, muitas vezes silenciada por medo, vergonha ou dependência econômica e afetiva, contribui para a perpetuação de um ciclo cruel. A sociedade não pode se calar. É preciso acolher as vítimas, fortalecer as redes de proteção, dar suporte jurídico, psicológico e social e, sobretudo, criar mecanismos eficazes de denúncia e resposta.
O combate à violência doméstica começa na denúncia, mas se concretiza na justiça, na educação e no rompimento das estruturas machistas e patriarcais que ainda sustentam esse tipo de agressão. Que o caso ocorrido em Presidente Venceslau não seja mais um número nas estatísticas, mas um alerta de que ainda há muito por fazer. Enquanto uma mulher for ameaçada dentro de sua própria casa, toda a sociedade estará em dívida com a dignidade humana.