Vírus do medo

OPINIÃO - Walter Roque Gonçalves

Data 28/03/2020
Horário 04:12

Nos pronunciamentos do presidente Jair Bolsonaro, está claro a preocupação com a depressão econômica frente ao fechamento compulsório do comércio. Na mesma linha, seguem empresários como Roberto Justus e Luciano Hang. Do outro lado, os infectologistas demonstram preocupação com mortes que poderiam ser evitadas e o iminente colapso da estrutura da saúde no país. A população diante de tantas informações desencontradas contrai um vírus tão letal quando o Covid-19, o vírus do medo.

Parar o país é forjar a depressão física, mental e financeira de milhares de pessoas nos próximos meses. O vírus do medo acaba levando à histeria coletiva: as pessoas estocam mais do que precisam e basta uma dor de cabeça para correr no médico. Talvez seja este tipo de falta de consciência que levou a medidas extremas, ao ponto de obrigar o comércio a fechar. Comércio fecha as portas, não fatura. O comerciante que já estava com dificuldades pede falência, mais pessoas ficam desempregadas e o trabalhador sem renda não consome, levando outras empresas à falência. Conclusão, empresa falida não paga impostos e com isto o estado também pode quebrar.

A população diante de tantas informações desencontradas contrai um vírus tão letal quando o Covid-19, o vírus do medo

No Japão, há em torno de 330 pessoas/km² enquanto no Brasil 25 pessoas/km² . Contudo, o governo japonês não obrigou as pessoas a ficarem em casa e muito menos fecharam o comércio. Será que a população de lá está imune? Obviamente que não! O fato é que há um alto nível de consciência, disciplina e compromisso para evitar a propagação do vírus: espirrar ou tossir apenas com lenço, higienizar as mãos, manter distância das pessoas no convívio social, entre outros. Desta forma, a economia continua em atividade afastando o vírus do medo da imaginação das pessoas.

Tendo em vista que o Brasil é 28 vezes maior em território do que a Itália, o jornalista Alexandre Garcia especula soluções, por exemplo, mapear o país e aumentar o rigor no combate ao Covid-19 conforme a gravidade dos casos em cada região. Claro que Alexandre Garcia não é um especialista em saúde, ainda sim fala por muitos. Espera-se que as autoridades da saúde e o governo encontrem um meio termo para este imbróglio e, desta forma, exterminar de vez o maior de todas as moléstias: o vírus do medo.

 

 

 

 

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