Visitas de Folia de Reis são realizadas na região

Epifania, celebrada em 6 de janeiro, é o nome da festa litúrgica que recorda os reis magos e é tão ou mais importante que o Natal

VARIEDADES - Oslaine Silva

Data 23/12/2015
Horário 08:07
 

A tradição da festa de Folia de Reis, uma das celebrações mais singelas que os católicos festejam, já não ocorre em tantos lugares como há algum tempo. Padre Sandro Rogério dos Santos, do Santuário de Santa Teresinha do Menino Jesus e da Sagrada Face, explica que a Folia de Reis ou a Festa de Santo Reis é um elemento cultural e folclórico de origem portuguesa, espalhado pela tradição espanhola.

Em alguns países, a epifania, celebrada em 6 de janeiro - cuja palavra significa "manifestação" -, é o nome da festa litúrgica que recorda os três reis magos (Melchior, rei da Pérsia; Gaspar, da Índia; e Baltazar, da Arábia), que levaram presentes ao recém-nascido menino Jesus, e é tão ou mais importante que o Natal.

Segundo ele, é o dia de trocar presentes. E na região do oeste paulista, ainda há comunidades que mantêm viva a tradição folclórica, que não deixa de ser uma espécie de (bloco) carnaval com procissão religiosa e festiva.

Jornal O Imparcial Cia de Reis Agissê está desde novembro visitando casas do distrito aos finais de semana

"Manter viva a tradição é uma tarefa daqueles que compreendem o valor de ser o que é e de viver onde está. Que o espírito festivo ajude-nos a reverenciar os reis e o Rei dos reis, nascido em Belém e contemplado no presépio. Também nos ajude a abrir as portas aos que passam e a nos fazermos dom para quem de nós precisar!", exclama o religioso.

 

Tradição de família

O padre tem razão, e aqui perto, em Ribeirão dos Índios, existe o grupo Folia de Santos Reis, que alimenta essa tradição desde 1952. Segundo Donizetti Magro, 52 anos, presidente da associação, geralmente iniciam suas visitas às casas em novembro e estendem até o dia 6 de janeiro, com a festa em comemoração ao Dia dos Santos Reis - que para os 30 integrantes, simbolizam a anunciação do nascimento de Jesus. Na noite de amanhã, eles sairão em direção à casa da (o) festeira (o), que é escolhida a cada ano.

Chegando, eles a coroam e muitas bênçãos são pedidas. Na seqüência, saem pelas ruas do bairro em direção à Matriz Bom Jesus, onde está o presépio. "Lá, com a comunidade presente, cantamos os 25 versos do nascimento do menino Jesus, depois ‘Noite Feliz’ e, passamos nas casas que ficam nas proximidades da capela, agradecendo o ano que passou e lhes pedindo as doações para a festa", expõe Donizete.

Os foliões se revezam em cantoria, e nos instrumentos como surdão, flauteiros, pandeiro, violino, sanfona, às vezes com a viola. Os guardiões (palhaços) da bandeira vão à frente pedindo permissão aos moradores para entrarem em suas casas.

"Essa é uma tradição de família, que começou com meu avô João Zanfolin, depois meu tio Ângelo e para mim há 13 anos como presidente. É uma atividade emocionante para quem a traz no coração", salienta o presidente.

 

Peregrinação

Em Rancharia, mais precisamente em Agissê, distrito da cidade, a Cia de Reis Agissê também está percorrendo aos finais de semana, algumas visitas, desde novembro. Nesta semana, estarão todos os dias, seguindo até o dia 4 para arrecadar as prendas para a festa do dia 6.

"Primeiro cumprimos toda a parte religiosa, depois a folclórica com a chegada da bandeira, rezamos o terço e depois nos reunimos com todos em um almoço, gratuito. O que sobra das doações revertemos em cestas básicas para quem necessita", ressalta Orvando Fernandes, Wando, 73 anos, embaixador e mestre da companhia.

Conforme ele, cerca de 15 elementos de todas as idades e todas as classes sociais compõem o grupo com 11 anos de atividades, levando a mensagem, simbolizando o caminho percorrido pelos três reis magos que desejavam chegar até o menino Jesus.

"Começamos na base da brincadeira e se transformou numa festa tradicional que, inclusive, está no calendário cultural da cidade. É um movimento nostálgico que mexe com as pessoas que recordam seus familiares que já se foram, da sua infância... e porque simboliza o trajeto que os reis magos, guiados pela estrela, conseguiram fugir dos soldados de Herodes. Que para o nosso grupo, os mascarados representam estes que se converteram e protegeram os três reis representados na bandeira", destaca.
Publicidade

Veja também