A vitamina D tem sido muito estudada e já ultrapassou a vitamina C em número de artigos publicados (97,4 mil vs 71,6 mil; fonte: PUBMED, NIH). Junto com os “hormônios da estética” a vitamina D se tornou objeto de consumo nas clínicas e consultórios. É para tanto? No Brasil, país tropical, estamos realmente precisando de suplementos de vitamina D?
VITAMINA D
Em nosso próprio corpo e nos animais a vitamin D é produzida a partir do colesterol, por isso é considerada um hormônio esteroide. Suas funções são manter as concentrações de cálcio e fósforo equilibradas para as funções celulares, neuromusculares e calcificação óssea. Desempenha esse papel estimulando a absorção no intestino e a mobilização dos depósitos (ossos), quando há deficiência dos minerais na dieta.
FUNÇÕES 2
Como hormônio esteroide, a vitamina D atua também como segundo messageiro intracelular, estimulando a transcrição gênica (e síntese proteica) na maioria das células, inclusive do sistema imune. Por isso, a concentração adequada de vitamina D tem sido relacionada com a diminuição da incidência de doenças cardiovasculares, neurodegenerativas e canceres. Sobre o desempenho físico, dois estudos demonstraram que a suplementação de 600 a 5.000 UI/dia pode aumentar a força muscular de 1,5 a 18,7%.
ADEQUAÇÃO
Estima-se que cerca da metade da população tenha deficiência de vitamina D. A deficiência é comum em idosos, e estes, adicionalmente, têm diminuídos os receptores esteroides para a vitamina D no intestino, onde ela estimula a absorção de cálcio. A concentração normal de vitamina D é considerada de 20 a 150 nmol/L, porém concentrações abaixo de 80 nmol/L têm sido relacionadas com alguns riscos: raquitismo e osteomalácia; canceres diversos; infecções respiratórias e outras. A sensibilidade e ação da insulina parecem depender de valores entre 100 e 120 nmol/L.
DOENÇAS
Estudo realizado durante a pandemia demonstrou não ter havido mortes por COVID em pessoas com menos de 80 anos e que tinham a concentração de vitamina D acima de 102 nmol/L. Estudo sobre câncer em mulheres na menopausa demonstrou diminuição de 60% do risco quando a vitamina D se mantinha entre 71 e 96 nmol/L. Dados epidemiológicos indicam que a mortalidade por canceres de pulmão, mama, cólon, próstata, pâncreas, linfoma e outros diminui na medida em que há exposição diária ao sol (10-30 min de radiação UV-B).
TOXICIDADE
A fontes de vitamina D são óleo de fígado de peixes, peixes gordos, alimentos fortificados e suplementos. A fotoprodução (sol) é a principal fonte de vitamina D em países tropicais, porém o uso de filtro solar fator 8 diminui em 95% a síntese de vitamina D. O consumo de 10.000 a 20.000 UI/dia de D3 (equivalente à fotoprodução) é considerado normal. A intoxicação pode ocorrer com o consumo de 20.000 a 50.000 UI/dia, que leva a concentrações de 375 a 500 nmol/L e consequências de hipercalcemia (excesso de cálcio no sangue), cálculos renais, calcificação renal, insuficiência renal e morte. Portanto, não despreze e nem abuse desse esteroide.
A concentração adequada de vitamina D tem sido relacionada com a diminuição da incidência de doenças cardiovasculares, neurodegenerativas e canceres.