Toda vez que você identificar o início de uma discussão totalmente inútil repita quantas vezes for necessário “É melhor ser feliz do que ter razão”. Não há jeito melhor para sair suave das armadilhas da vida cotidiana!
Meu irmão que me ensinou isso um dia e sou muito mais feliz.
A questão é que durante as 24 horas do dia somos colocados em momentos bem distintos. Alguns, sérios demais e que exigem atenção, razão, calma e ponderação.
Há outros, porém, e são a maioria, em que colocar racionalidade no centro pode até ser possível, mas é um sofrimento muito desnecessário. Diria até mesmo ser a porta de entrada para uma desgraceira sem fim: perda de emprego, amizades acabadas e doenças físicas e mentais.
“Ah, Mancuzo, fácil é falar, mas é difícil de escapar, né?”
Sim, concordo. E o problema é que nos últimos 20 anos, pelo menos, fomos condicionados a uma maior atividade em rede, em especial no que diz respeito a discussões. Queremos sempre ter razão e, pior, tentamos provar por A + B que nosso ponto de vista é o único caminho.
Isso, claramente, é fruto de mais informação disponível. Quando não podíamos comparar, perguntar ao Google e ter respostas imediatas, ou ler rapidamente e repetir argumentos contrários disponíveis em qualquer site, a gente meio que se calava para não dizer bobagem.
Hoje em dia, não. Qualquer pessoa se acha capaz de discutir física quântica, regras de badminton, planos pedagógicos e natureza de qualquer fenômeno. Basta que sejam dados a ele uns poucos minutos e logo virão argumentos “wikipedianos” novíssimos, apropriados com louvor e em alto e bom som.
Para escapar nesse caso, duas atitudes. Primeiro, pergunte à pessoa qual fonte ela usou para falar aquilo.
Se for “Wikipedia”, “grupo de WhatsApp”, “pesquisa de qualquer universidade difícil de dar o nome, tipo Harvad, Masschussetshshsksisss”, “uma pessoa que sabe o que diz”, “instituto que não lembro o nome”, “a pessoa que estava lá e viu”, “fonte segura, mas que a Globo não mostra”, pule fora e parta para a segunda atitude. Todas estas fontes têm um nome: “Paranoias da cabeça dele”. E é hora, então, de ser feliz e deixar a razão de lado.
Alguns inícios de frase também sinalizam que talvez seja melhor ser feliz do que ter razão na conversa: “Veja bem...”, “Não é que eu não concorde...”, “Você é gente boa, mas deixe eu te dizer...”, “Sabe o que é...”, “Mas olha, eu sou uma pessoa que você não vai conseguir brigar...”. Esse último é clássico, não? Esse tipo aí briga até com a sombra dele.
Em casa, onde as categorias de discussão são classificadas como os furacões e tornados, é sempre bom e seguro usar o mantra. Até porque, normalmente você nunca sabe mesmo de onde veio ou virá a pancada e reagir de imediato é frustrante e perigoso.
Percebeu que a discussão não é para salvar a vida de ninguém, um alagamento ou um lance seríssimo de economia em casa? Enquanto a pessoa fala, fala, fala, você repete “É melhor ser feliz do que ter razão”, “É melhor ser feliz do que ter razão”, “É melhor ser feliz do que ter razão”. Vai por mim: é libertador!
Estenda isso para o trabalho, academia e até para o futebol e pronto. Seu coração vai agradecer e junto com ele, todos à sua volta porque você vai se tornar um ser bem mais leve.
E se você não concorda comigo, sugiro uma frase:
“É melhor ser feliz do que ter razão”.