Muita gente ainda acredita que a genética é a principal responsável pela nossa saúde. Como se estivéssemos condenados ou salvos por aquilo que herdamos dos nossos pais. Mas a ciência atual tem mostrado um caminho diferente e talvez mais libertador: o que mais pesa na balança da longevidade não são os genes, mas as escolhas que fazemos todos os dias.
Um estudo publicado este ano na revista Nature Medicine, uma das mais respeitadas do mundo, analisou quase 500 mil pessoas no Reino Unido e fez uma pergunta crucial: o que realmente determina o risco de morrer mais cedo ou de desenvolver doenças como infarto, AVC ou diabetes: nossos genes ou nosso estilo de vida?
A resposta foi clara. Enquanto o risco genético explicou menos de 2% da variação na mortalidade precoce, os fatores ambientais, aquilo que fazemos, comemos, sentimos e vivemos explicaram a grande maioria dos desfechos clínicos. E não para por aí: quando se olha para doenças do coração, dos pulmões, do fígado e até para a saúde do sono e da mente, o estilo de vida mostrou uma influência muito maior do que qualquer mapa genético.
Entre os fatores que mais impactam a nossa saúde estão alguns que parecem simples à primeira vista, mas que são profundamente transformadores quando praticados com intenção: parar de fumar, se movimentar com regularidade, dormir bem, manter vínculos afetivos saudáveis, cuidar da saúde emocional, ter uma alimentação equilibrada e cultivar a sua espiritualidade.
Um aspecto que chama atenção é a influência dos laços afetivos na nossa saúde. Pessoas que vivem acompanhadas, especialmente em relações de parceria, afeto e apoio mútuo, tendem a ter menor risco de morte precoce. Não se trata apenas de estar com alguém, mas de viver vínculos que oferecem segurança emocional, sensação de pertencimento e suporte nos momentos difíceis. Elementos que protegem o coração de maneiras que a medicina ainda está começando a mensurar com mais precisão. Relações saudáveis, mais do que qualquer suplemento, têm o poder de amortecer os efeitos do estresse crônico no nosso organismo.
Outro ponto que merece atenção: fatores da infância, como o peso corporal aos 10 anos e até o tabagismo materno na gestação, também influenciam na velocidade do envelhecimento. Isso reforça que a prevenção precisa começar cedo, mas que nunca é tarde demais para mudar.
Porque, ao contrário do que se pensa, não são grandes revoluções que transformam nossa saúde, mas sim pequenos hábitos repetidos com constância e consciência.
A mensagem mais poderosa que esse estudo nos traz é que temos mais controle sobre a nossa saúde do que imaginamos. E que viver bem não é seguir uma lista de proibições, mas encontrar um estilo de vida que faça sentido, que respeite nossos valores e que nos devolva a conexão com aquilo que realmente importa.
Não estamos falando apenas de viver mais. Estamos falando de viver melhor.
E isso começa, quase sempre, com uma simples pergunta: como eu tenho vivido minha vida?