Um anjo está contigo

OPINIÃO - Sandro Rogério dos Santos

Data 18/08/2019
Horário 04:10

Há quem reserve tempo regularmente para práticas de meditação e religiosa. A disciplina segundo os mestres dessa arte é importante. Aliás, desde que não engesse a vida, disciplina não costuma fazer mal a ninguém. Há quem tenha abandonado a religião organizada, ritual e adotado experiências místicas e esotéricas. Há um sem-fim de propagandas dessas experiências (e de novas religiões) aqui e alhures. Sei que a quem tem abertos os olhos do coração tudo fala de Deus. Se colocar tudo nas mãos de Deus você verá a mão de Deus em tudo aquilo que é e faz. Avanço com uma parábola.

Um monge passava todo o tempo –exceto nas horas de oração– cozinhando para uma grande comunidade num fogão a lenha. Quando lhe perguntaram como se comunicava com Deus tendo tão pouco tempo para ler livros de meditação ou para escutar sermões inspiradores, apontou a cozinha e disse: “aí dentro há um bom pregador a quem escuto diariamente. O fogo com seu vermelho resplendor me fala do amor de Deus e me lembra que nunca devo deixar meu amor esfriar.

Quando pela manhã o acendo e vejo surgir as chamas, peço a Deus que me permita ser fiel ao meu ardente primeiro amor. Se o fogo está extinguindo-se, coloco mais lenha no fogão e faço uma pequena oração pedindo a graça que preciso para reavivar o meu, ou penso nos castigos do purgatório e do inferno. Quando o fogo já está aceso, deixo que brilhe em minha alma, quieto e calidamente, o meu amor a Deus e às pessoas. E à tarde, ao apagá-lo, lembro-me de que um dia também morrerei”.

Essa singela história recorda sobretudo aos crentes que amiúde nos esquecemos de que Deus está bem perto de nós em cada atividade realizada. O Espírito Santo deu ao monge a capacidade de fazer o seu trabalho e de ver a Deus na chama daquele fogão a lenha. Quando alguém ama é, então, a sua melhor oração possível. Ao realizar o seu trabalho, e corresponder às expectativas que lhe foram depositadas, esse alguém fala com Deus. Teresa D’Ávila indicava às suas freiras que vissem Jesus nas panelas sob a pia, isto é, no trabalho.

Podemos nos decidir ver o Senhor presente nas coisas ordinárias e simples do dia-a-dia. Desde uma palavra mansa, um olhar terno a uma escuta atenta... do cantar de um passarinho, o choro ou o sorriso de uma criança à história repetida do idoso... da agitação do trânsito, do alarido das crianças quando entram e saem da escola até o silêncio do hospital ou a agitação do comércio... Em tudo, há uma presença dando sentido e gosto ao existir.

Uma forma despretensiosa talvez seja ocupar-se com o agora e nele viver eternamente. Ou, na poesia “Deixa o dia de ontem” de Adília Lopes: “Deixa o dia de ontem com Deus/ E vive em paz a espera/ A cada dia basta a sua pena/ E o amanhã é como o arco-íris/ Um anjo está contigo quando desanimas/ Um anjo está contigo quando te alegras/ Sempre um anjo está contigo/ E o arco-íris brilha como a água que corre”.

Seja bom o seu dia e abençoada a sua vida. Pax!!!

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