De cada 10 famílias abordadas, 3 autorizam doação de órgãos

Na Santa Casa, captações e transplantes cresceram em 2023, visto que os baixos índices de 2022 ainda refletiam as consequências da pandemia

PRUDENTE - MELLINA DOMINATO

Data 14/01/2024
Horário 04:05
Foto: Santa Casa de Prudente
Santa Casa realiza variedade de captações com suporte de equipes de outros hospitais
Santa Casa realiza variedade de captações com suporte de equipes de outros hospitais

A captação de múltiplos órgãos na Santa Casa de Misericórdia de Presidente Prudente subiu de zero para sete, entre os anos de 2022 e 2023, mesmo período em que os transplantes de córneas e rins mais que dobraram, ao passarem de 17 para 43 procedimentos. A instituição de saúde, conforme sua Assessoria de Imprensa, enxerga com otimismo esse aumento em ambos os números, visto que os baixos índices de 2022 ainda refletiam as consequências da pandemia de Covid-19 e o elevado número de pacientes infectados pela doença, o que dificultava a aceitação de doações. O cenário, no entanto, pode ser ainda melhor caso as concessões tenham melhor aceitação por parte dos familiares de possíveis doadores. Isso porque, de acordo com os registros do hospital, observa-se que, a cada 10 famílias abordadas, apenas três autorizam a doação. “O motivo mais frequente para a recusa é a falta de conhecimento sobre a verdadeira vontade do familiar em ser um doador”, revela.

“Em 2023, com a redução nos casos [de Covid], observamos um aumento de pacientes aptos para a doação de múltiplos órgãos. Mas, mesmo que os números tenham apresentado uma melhora, a fila no Brasil, segundo o Ministério da Saúde, conta com mais de 40 mil pacientes à espera de um órgão. Desses, 92% aguardam por um rim. Por isso, o trabalho de conscientização e informação é tão importante”, enfatiza a instituição. Em Prudente, tanto a Santa Casa quanto o HR (Hospital Regional) Doutor Domingos Leonardo Cerávolo estão aptos a realizar as captações de múltiplos órgãos, no entanto, somente a Santa Casa realiza os transplantes. Quanto às captações feitas no HR nos últimos dois anos, tais números não foram revelados pela Secretaria de Estado da Saúde. 

Mesmo aquém do necessário para atender a demanda, a Santa Casa declara que os números registrados na instituição mostram que as famílias estão mais receptivas à doação. “Mas, ao mesmo tempo, ainda demonstram muitas dúvidas sobre o processo. As mais frequentes são sobre quanto tempo demora, como fica o corpo após o procedimento, quais as documentações necessárias, dentre outras”, relata. Para estimular a doação de órgãos, a assessoria pontua que hospital realiza campanhas em redes sociais sobre a importância deste ato que salva vidas através de “depoimentos de transplantados, tirando dúvidas de como funciona todo o processo, a fim de conscientizar a população sobre esse gesto tão nobre”.

“O transplante, para muitas pessoas, é a única forma de manter a vida. Um único doador por salvar até oito vidas”
Santa Casa de Misericórdia de PP

O processo de doação

A Santa Casa explica como é feita a abordagem aos familiares de possíveis doadores. Sendo assim, ressalta que, após a confirmação da morte cerebral, uma equipe especializada entra em contato com a família do paciente, apresenta a possibilidade, informa todo o processo, esclarece dúvidas e pergunta sobre o interesse em realizar a doação. “É fundamental destacar que, mesmo que o paciente tenha registrado sua intenção de doar em documentos, apenas a família tem a prerrogativa de tomar a decisão final. Portanto, é crucial que a família esteja ciente da vontade do paciente para que essa seja respeitada”, frisa.

Em caso de aceitação pela família, uma série de exames é realizada para determinar quais órgãos podem ser doados e em que condições. “Com essas informações, o hospital envia os dados para a Central de Transplantes, que os compara com os registros das pessoas na fila de espera por um órgão. Após a aceitação, as equipes dos hospitais receptores dirigem-se à Santa Casa para realizar a captação. O destino final do órgão dependerá da instituição que aceitou a doação”, declara a assessoria.

Quem pode doar

A doação de órgãos é viabilizada após a confirmação da morte cerebral do paciente, um diagnóstico atestado por dois médicos mediante uma série de exames que evidenciam a ausência de atividade cerebral. A Santa Casa destaca que órgãos como rins, fígado, coração, pulmões, pâncreas, intestino, córneas, valvas cardíacas, pele, ossos e tendões podem ser doados. Enfatiza também que é possível ser um doador em vida. “Nesses casos, é possível fazer dos rins, parte do fígado, medula e parte dos pulmões”. “A Santa Casa Prudente realiza uma ampla variedade de captações e conta com o suporte de equipes de outros hospitais, dependendo do órgão a ser doado. O transplante, para muitas pessoas, é a única forma de manter a vida, por isso a importância da doação. Um único doador por salvar até oito vidas, tirando da fila milhares de pessoas que esperam pela oportunidade de ter uma melhor qualidade de vida”, encerra.

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