"Joelma - 23º andar"

DignaIdade

COLUNA - DignaIdade

Data 30/01/2024
Horário 07:08

Em 1979, o diretor Clery Cunha filmou uma película sobre a tragédia do Edifício Joelma, baseada em cartas psicografadas por Chico Xavier por uma das vítimas do incêndio: a auxiliar administrativa Volquimar. No filme, o personagem foi batizado como Lucimar, e interpretado por Beth Goulart. A trama mistura o enredo ficcional da moça com imagens reais do incêndio, misturando ficção e realidade. Na história, Lucimar e seu irmão Alfredo trabalham nos escritórios do edifício. Lucimar morre e Alfredo sobrevive. Seu próprio espírito orienta o reconhecimento de seu corpo pelo irmão, levando a mãe Lucinda (Liana Duval) a entrar em forte depressão e procurar conforto no médium Chico Xavier. Segundo relatos de bastidores, e da própria Beth Goulart, estranhos acontecimentos mediúnicos ocorreram durante as filmagens. 
    
“50 anos do incêndio do Edifício Joelma”

Era 1º de fevereiro de 1974, 8h45 da manhã, no Edifício Joelma, localizado no Vale do Anhangabaú na esquina da Avenida 9 de Julho com a Rua Santo Antônio, começava uma das maiores tragédias da história de São Paulo. Um curto-circuito no sistema de ar-condicionado começou um incêndio no 12º andar, que rapidamente se propagou, propiciando um fogaréu incontrolável. Parte da responsabilidade se deveu às próprias condições de edifício: ausência de portas corta-fogo, ou escadas de incêndios, e materiais todos inflamáveis com cortinas de tecidos, divisórias de compensados e carpetes, impediram a fuga da maioria das pessoas que ali trabalhavam no banco Crefisul recém-inaugurado. Os dez primeiros andares dos 25 do edifício eram de estacionamento, portanto, o incêndio ocorreu na base do prédio real. Como tinha ocorrido dois anos antes o incêndio do Edifício Andraus na Avenida São João, onde grande parte das vítimas foi resgatada de helicóptero, os ocupantes desesperados subiram para os andares de cima e se abrigaram no topo do edifício: mas desta vez não havia heliporto. Muitos morreram se atirando dos andares em um pulo mortal televisionado ao vivo em cadeia nacional pelas diversas emissoras, enquanto muitos agonizavam em meio ao fogo e fumaça, totalizando 189 mortos, sendo que 13 corpos nunca foram identificados e encontrados em um dos elevadores (posteriormente enterrados no cemitério da Vila Alpina, ficando conhecidos como as 13 Almas do Joelma). Além das dificuldades, os bombeiros contaram com dificuldades ao se depararem com hidrantes sem água e as escadas Magirus não atingindo os andares mais altos. Alguns sobreviventes conseguiram se manter nos parapeitos dos banheiros até serem resgatados. Completamente consumido pelo fogo, o edifício foi reformado e recebeu a nova denominação de Edifício Praça da Bandeira, reinaugurado em 1978. Após o incêndio do Joelma, novas leis surgiram exigindo mudanças nos planos diretores contra incêndios exigindo adequações nos edifícios das capitais. Cinquenta anos de uma grande tragédia. 

Dica da Semana

DVD 

“Linha Direta - Mistério: O Enigma do Edifício Joelma”: 
O primeiro episódio do “Linha Direta Mistério” em 2005 foi este especial sobre o incêndio do Edifício Joelma, que narrava a tragédia já conhecida, bem como misteriosos fenômenos que permaneciam ocorrendo no edifício incendiado. No documentário, o endereço parecia ter uma aura trágica, servindo de endereço para um antigo tronco onde escravos eram castigados, e em 1948 ocorreu o famoso Crime do Poço, onde um estudante de Medicina matou a mãe e duas irmãs e depois jogou os corpos dentro de um poço. Ao ser descoberto, suicidou-se e um dos bombeiros que removeu os corpos acabou morrendo por infecção cadavérica.  
 

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