Conhecida por ser a “terra da bolacha’, Marília será neste domingo o “centro” do futebol do interior na região oeste do Estado. É por lá que MAC (Marília Atlético Clube) e Grêmio Prudente medem forças numa peleja que deve sintetizar o equilíbrio desta primeira fase da Série A3 do Campeonato Paulista 2023, que chega a sua 10ª rodada. Tigre e Carcará sobem a cancha do Estádio Bento de Abreu Sampaio Vidal, o Abreuzão, para, às 16h, darem início a um duelo de topo de tabela, o popular jogo de seis pontos.
Na 4ª colocação, com 15 pontos, quatro vitórias, três empates e duas derrotas, o Grêmio Prudente vem comendo pelas beiradas no estágio atual da terceirona: patinou para a voltar a figurar no pelotão que ruma a 2ª fase da A3, voltou à zona de classificação após a sua primeira vitória fora de casa contra o Sertãozinho na 8ª rodada e não quer mais sair depois de colocar na nota o CNPJ da Itapirense na rodada passada, no Prudentão. Por sinal, em caso de vitória sobre o MAC na tarde deste domingo no Abreuzão e uma combinação de resultados adversos para São Bernardo - em 2º, com 16 pontos – e Capivariano – em 3º, também com 16 – o Carcará pode voltar do Abreuzão na 1ª colocação e com a luz da classificação para a próxima fase ainda mais visível no final do túnel de 15 rodadas da etapa inicial da A3.
Hoje, em treino realizado no Estádio Municipal Caetano Peretti, o técnico Ademir Fesan preferiu o silêncio com a imprensa e delegou a voz ao experiente zagueiro Leandro Freire, que vem dando liga ao lado de Biazus no miolo de zaga do Carcará, e ao camisa 10 pifador Rafinha.
Freire ressaltou o que espera para o duelo deste domingo contra o MAC, no Abreuzão. Spoiler: sair de lá com os três pontos. “A gente sabe que vai ser um jogo muito difícil, uma equipe que já vem junta desde o ano passado e já tem uma identidade. A gente também sabe da maneira que eles vêm jogando ultimamente. Temos estudado isso, o professor vem nos dado o feedback necessário para anular os pontos fortes da equipe do Marília, mas a gente sabe que para nossa classificação precisamos dos três pontos. Então, com todo respeito ao MAC, mas nosso objetivo é ir lá e ganhar o jogo”, pontuou o defensor.
Com três assistências na A3, Rafinha, o cérebro dos “Invictos da Bêzinha”, vem se adaptando ao estilo de jogo da terceirona: em alguns duelos, o atleta de 23 anos, forjado nas categorias de base do Corinthians, não esteve tão aceso, muitas vezes encoberto pela marcação adversária, mas, em outros, foi fundamental para armar jogadas, servir os companheiros e sempre ser um potencial perigo nas bolas paradas. Abre aspas para o meio-campista sobre ter a tradicional característica de um camisa 10, função consagrada no estilo de jogo do futebol brasileiro, que, no entanto, tem sido abafada com a ascensão do pragmatismo de um futebol cada vez mais atlético.
“Acredito que sou um jogador um pouco em falta no mercado pela minha característica de ser um jogador mais de achar o último passe, de ficar um pouco mais ali no meio, de dar intensidade na hora certa em que o jogo precisa. Acredito que são características um pouco em falta no futebol”, relata Rafinha, que busca retomar o protagonismo no setor ofensivo do Carcará, bem como foi na Bêzinha, no entanto, ele reconhece as diferenças para o futebol jogado na terceirona. “[Diferentemente da Bêzinha] a A3 já tem jogadores mais experientes, alguns veteranos, que já conhecem como anular mais o meio de campo, que sabem correr nos espaços certos na hora certa, mas acredito que como todo time tem espaço para ser vulnerável para eu estar acompanhando. Acredito que neste campeonato tenho muito a mostrar ainda para o Grêmio Prudente”, narrou atleta.
Na liderança da terceirona, com 17 pontos, cinco vitórias, dois empates e duas derrotas, o tradicional MAC volta a sua atenção à divisão após ter sido sacudido, por 3 a 0, em casa pelo Brusque (SC) na noite da última quarta-feira pela Copa do Brasil. A equipe catarinense incorporou parte do espírito alemão que abalou o Mineirão em 2014 e fez três gols em cerca 20 minutos de jogo.
Setorista do alviceleste no Jornal da Manhã, de Marília, o jornalista Jorge Luiz destaca que o resultado adverso contra o Brusque era uma possibilidade bastante plausível mesmo com a grande expectativa que rondava o Abreuzão para a volta do MAC num torneio de dimensão nacional como a “milionária” Copa do Brasil. “O jogo mostrou uma diferença técnica que a gente sabia que existia, mas que não imaginava que fosse tão evidente assim”, inicia o jornalista. “Porque por mais que você tenha tomado três gols em 21 minutos de jogo, na minha visão pelo menos, se não tivesse tomado estes gols no início de partida, com certeza, consequentemente, tomaria mais para frente”, narra Jorge. “A diferença é que você tem jogadores do Brusque que estão acostumados a jogar 50, 60 jogos no ano, enquanto do Marília, do Grêmio Prudente e de outros clubes da Série A3, os caras jogam 15, 20, vai lá, no máximo, 30 jogos no ano quando eles têm o segundo semestre, por exemplo, de Copa Paulista”, destaca Jorge ao falar da diferença de calendário que impacta nos níveis de preparação física entre atletas de uma equipe da Série C do Brasileirão, como é o caso do Brusque, e de clubes em divisões inferiores do Paulistão, situação em que o MAC está inserido.
Passado o revés na competição nacional, o impacto dos 3 a 0 no ambiente maqueano será dimensionado na partida contra o Gavião Carcará neste domingo. “Em termos de impacto, a gente vai saber realmente se teve algum ou não no jogo contra o Grêmio Prudente. Aparentemente, o Guilherme [Alves] disse que não, até porque todo mundo sabe que o grande foco do Marília é subir para a Série A2. O MAC tem uma pressão enorme nas costas para subir porque é o quarto ano consecutivo que está na A3, o time tem um alto investimento para a divisão – um dos maiores da terceirona – e tem esta pressão por chegar à Série A2. Então, a Copa do Brasil não acaba interferindo tanto nisso, a pressão maior é na Série A3”, define Jorge Luiz ao ressaltar o foco do Tigre no acesso à segundona do Paulistão. É esperado entre 800 e 1 mil torcedores do Tigre neste domingo no Abreuzão para o duelo contra o Grêmio.
“Ele é uma das referências. É um cara que finaliza, que chama o jogo. É o cara que bate pênalti no time. É um velocista, tem um bom mano a mano, mas também é um bom finalizador e tem qualidade técnica”, ressalta o setorista do MAC ao falar sobre Erick Bessa, atleta de 26 anos que tem despontado nesta temporada como o “chama jogo” do Tigre. Até aqui, na A3, Bessa, que atua pelas beiradas do campo, já balançou as redes adversárias por quatro vezes.
Olho também no atacante Orlando Júnior e no conhecido e polêmico centroavante Madalena, que vestiu a camisa do Grêmio em 2020 e pode fazer valer a Lei do Ex neste domingo no Abreuzão. Em outubro de 2021, quando defendia as cores do USAC (União Suzano Atlético Clube), lesionado, Madalena não jogou o primeiro jogo daquela eletrizante semifinal da Bêzinha vencida, por 3 a 2, pela equipe da Grande São Paulo, mas comemorou efusivamente nos camarotes do Prudentão, com direito a gestuais nada gentis à torcida gremista naquela tarde.
FICHA TÉCNICA
Local: Estádio Bento de Abreu, o Abreuzão, Marília (SP).
Data e horário: 26/02/2023, às 16h.
Equipe de arbitragem: árbitro João Augusto Mariano de Oliveira; árbitro assistente 1 Wellington Bragantim Caetano; árbitro assistente 2 Wilker Santos Balbino; quarto árbitro João Batista do Nascimento Avelino.
Transmissão: Canal Futebol Paulista no YouTube (https://www.youtube.com/@futebolpaulista1902/featured) ; Rádio 101 FM e Canal Resenhando com Cid Jr no YouTube (https://www.youtube.com/channel/UCg4HeMAi_B5QYeJEoJNS7qg).
Desfalques: Dênis e Heitor (MAC); Helder e Renner (Grêmio Prudente);
MAC: provável 4-3-3 com Lucas Passarelli no gol; Guilherme Teixeira e Marlon Lopes na zaga; Luizão e Breno Lorran pelas laterais esquerda e direita; Matheus Silva, Anderson Brito e João Lucas no meio-campo; Erik Bessa e Orlando Junior mais abertos no ataque e Madalena mais centralizado;
Grêmio Prudente: provável 4-3-3 com Luiz no gol, Eduardo Biazus e Leandro Freire na zaga; Cesinha e Felipe Santos pelas laterais esquerda e direita; Rodrigo, Rafael Potiguar e Rafinha no meio-campo; Luquinhas Bozó (Vinícius Baiano) e Wandson mais abertos no ataque e Elias (Chula) mais centralizado.
