"O fruto proibido"

DignaIdade

COLUNA - DignaIdade

Data 09/08/2022
Horário 06:00

Uma produção classe A da Metro-Goldwyn-Mayer reunindo seus dois grandes astros, Clark Gable e Spencer Tracy pela terceira vez. Já haviam feito juntos “São Francisco, a Cidade do Pecado” em 1936 e “Piloto de Provas” em 1938, e “O Fruto Proibido” (título original: “Boom Town”) foi o último deles, em 1940. A história dirigida por Jack Conway, conta sobre a amizade de Big John (Gable) e Square John (Tracy) desde o período de dificuldades e pequenos golpes nos campos do Texas, até o momento que furtam uma máquina de perfurar petróleo e acabam encontrando o ouro negro, se tornando milionários. Além disso, ambos são interessados em Betsy (Claudette Colbert), mas Clark Gable (como sempre) acaba conquistando-a e se casa com ela. Quando fica rico, passa a negligenciar a esposa e passa a ter um caso com a sensual Karen (Hedy Lamarr), despertando a fúria do personagem de Tracy. Um grande filme do passado, concorrente a dois prêmios Oscar, de melhor fotografia e efeitos especiais, foi um grande sucesso de bilheteria da época, com quatro grandes astros atraindo o público. Contava ainda no elenco com Frank Morgan, Lionel Atwill e Chill Wills. 
    
“Doces Mesmices”

Nem toda monotonia é odienta, nem toda repetição é marasmática. Quando envelhecemos, reduzimos bastante a vontade de experimentar: é mais receoso arriscar, e também grande parte dos riscos já foi experimentada. A permanência de ações semelhantes vai traduzindo a sabedoria das escolhas, o privilégio de usufruir a vantagem de terrenos menos minados, e a menor necessidade de querer abraçar o mundo e a obrigatoriedade de variar a esmo. A velhice não nos torna obrigatoriamente mais tradicionais ou conservadores no sentido de retrógrados ou reacionários, mas fundamentalmente de mais contidos, menos flexíveis. Rabugice? Talvez uma boa pitada, mas também a inconsciente tendência de poupar tempo e se poupar. A sensação saborosa das mesmices aprendidas e repetidas nos dá a liberdade de não ser obrigado a testar novidades. Tem coisa mais chata do que ser obrigado agora a sair de zona de conforto? Ah, como é bom ter sim uma zona de conforto: nem toda hora precisamos ser desafiados ou desafiadores. É bom ter os seus medos, as suas desculpas e aflições. O problema, na verdade, não está em ter uma zona de conforto, mas sim quando você tem uma zoninha muito pequenina e restrita para sentir-se seguro. Talvez a questão não seja sair do conforto, mas sim entender que há conforto em limites maiores do que você imagina. E saborear estes pequenos confortos da mesmice pode não representar enfado, mas sim identidade. Existem pequenos prazeres individuais que podem ser repetidos com frequência, ou mesmo, ações cotidianas semelhantes que extremamente reconfortantes e compensadoras. Ninguém precisa experimentar uma receita nova todo dia no cardápio, tem comida tão gostosa que pode ser comida tantas e tantas vezes que provavelmente não enjoaríamos. Eu não preciso trocar meu remédio só porque faz muito tempo que se usa, se a finalidade terapêutica está sendo alcançada. Eu não preciso conhecer todas as praias para fazer uma viagem completa, às vezes ir naquela mesma de sempre é garantia de sossego e diversão. Tem situações que a gente gostaria de paralisar o tempo e viver novamente, e de novo, mais uma vez...

Dica da Semana

Filmes 

Filmes com Jô Soares: 
O grande Jô Soares, que partiu aos 84 anos, ficou popular por seus trabalhos na televisão, mas apresenta uma filmografia considerável no cinema contabilizando 25 participações desde figurações iniciais ou participações como si mesmo. Destaque para: “Pé na Tábua” (chanchada de 1958), “O Homem do Sputnik” (59), “Amante muito Louca” (73), “Cidade Oculta” (76), “Xangô de Baker Street” (2001, baseado em livro escrito pelo próprio Jô) e o último, “Giovanni Improtta” (2013, estrelado por José Wilker, também em seu último papel no cinema). 
 

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