Áreas urbanas viram depósitos de lixo em Prudente

Descarte irregular de resíduos atinge trechos do Jardim Humberto Salvador, Parque dos Girassóis e Residencial Servantes 2; para população, “falta educação ambiental”

PRUDENTE - ANDRÉ ESTEVES

Data 29/08/2018
Horário 07:12
Marcio Oliveira - Estrada Municipal do Jabaquara recebeu ação de limpeza ontem
Marcio Oliveira - Estrada Municipal do Jabaquara recebeu ação de limpeza ontem

O acúmulo de lixo é um incômodo que ninguém deseja para o seu quintal e, com o objetivo de eliminá-lo, são muitos os que descartam entulhos domésticos nos espaços urbanos, sobretudo áreas verdes, terrenos baldios, fundos de vale e estradas rurais. Entretanto, é falsa a impressão de que afastá-los dos olhos erradicará o problema, uma vez que os rejeitos continuarão existindo e originando problemas para a economia, meio ambiente e saúde pública. Como grande parte dos resíduos não é orgânica, o material não volta ao seu ciclo natural e favorece a contaminação do solo e a proliferação de doenças e animais indesejados. Em Presidente Prudente, basta um passeio pela cidade, principalmente nas zonas periféricas, para constatar diferentes cenários urbanos se transformando em depósitos de lixo a céu aberto.

Um dos locais constatados pela reportagem ganhou intervenção da Prefeitura na manhã de ontem. Trata-se da Estrada Municipal do Jabaquara, no Jardim Humberto Salvador, onde maquinários da Sosp (Secretaria Municipal de Obras e Serviços Públicos) estiveram para o recolhimento de entulhos despejados irregularmente no trecho. Não muito longe dali, é possível perceber que uma longa extensão da Rua Ivan Formozinho Ribeiro está tomada por montanhas de lixo e já pode ser considerada um ponto crítico de poluição. No Parque dos Girassóis, precisamente na Estrada Domingos Ferreira de Medeiros, a situação não é muito diferente daquela noticiada por este periódico no início do mês, já que os rejeitos continuam se amontoando. E no Parque Residencial Servantes 2, próximo ao campus 2 da Unoeste (Universidade do Oeste Paulista), o problema em uma área verde parece irreparável. Depois de sucessivas reportagens veiculadas por este diário, o lixo reaparece dia após dia.

Lixo reincidente

Além da junção de restos de eletrodomésticos e mobiliários, material reciclável, resíduos da construção civil, vestuários e sapatos e até animais mortos, o que os ambientes citados têm em comum é um espaço na programação de ações de limpeza da Sosp. No entanto, mesmo após a passagem das equipes por esses locais, o lixo é reincidente. O dilema se esbarra, portanto, na falta de educação ambiental. O aposentado Omildo Massoca, 79 anos, já foi funcionário da Prudenco (Companhia Prudentina de Desenvolvimento) e aponta que, durante o seu tempo de serviço, a empresa sempre atendia às demandas de recolhimento de material. Sendo assim, não entende por que os cidadãos continuam descartando o lixo em áreas públicas ao invés de acionar a companhia.

Omildo conta que, ainda hoje, vê os caminhões passando pelo Servantes II, mas basta os funcionários virarem as costas para os rejeitos voltarem a se acumular. Para ele, a situação chegou a um ponto em que “não há mais jeito”. “É preciso que o poder público invista na educação das crianças, a fim de formarmos adultos mais conscientes, e aplique multas, pois o pessoal só vai parar quando doer no bolso”, argumenta.

A professora Cristina Messias, 27 anos, afirma também não compreender o problema, considerando que há coleta de lixo frequente no bairro. Ela destaca que muitas residências não dispõem de lixeiras nas calçadas, desta forma, os moradores acabam deixando os sacos nas ruas, o que aumenta a possibilidade de o material ser atacado por animais e os resíduos se dispersarem. Quanto à área verde mencionada, diz ter receio dos riscos à saúde pública. “Eu mesma evito passear com meu cachorro por aquelas proximidades, porque tenho medo de que ele coma alguma coisa e se contamine”, expõe.

Já a dona de casa Dominga Gonçalves, 78 anos, acredita que o problema não se resolverá enquanto cada um não fizer sua parte. Ela relata que rotineiramente limpa o seu quintal, reúne os entulhos em sacos de lixo e leva tudo para a lixeira da calçada. Em sua opinião, se todo mundo adotasse esse procedimento em vez de poluir as áreas públicas, o cenário seria diferente. “Eu me preocupo com a limpeza pública, pois tenho medo do aparecimento de bichos peçonhentos”, completa.

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