O prudentino Dan Rosseto, ator, dramaturgo, roteirista, diretor de cinema, entre outras designações artísticas, não para nunca! Aliás, como ele mesmo pontua: “Parar não é uma possibilidade”. E comprovando isso, ele está com duas produções a pleno vapor: a peça “Feliz Dias das Mães – A Comédia”, sob sua direção, com estreia marcada para o dia 8 de julho, no Teatro Morumbi Shopping, em São Paulo (SP). E a série "As Aventuras de José e Durval" - sobre a história de Chitãozinho e Xororó, para o Globoplay. “A série vai parar o Brasil e eu não poderia ser mais grato por ter sido chamado para ser um dos roteiristas dessa obra”, ressalta ele.
Dan, do que se trata a peça?
“Feliz Dia das Mães” é um texto escrito por mim em 2019, antes da pandemia, e trata do Alzheimer de forma lúdica, poética e divertida. O humor tem o poder de unir e romper preconceitos, além de reunir todos os públicos para o teatro. A peça é o resgate da família, ainda que nos moldes de uma família atual. Dona Alma tem 90 anos e todos os domingos reúne os filhos, netos e agregados para um almoço de Dia das Mães, porque é a única data que ela consegue se lembrar. O texto trata das relações familiares, a síndrome do ninho vazio, da relação entre pais e filhos, entre outros temas que não vou abrir pra não estragar as surpresas.
Como está a produção?
A todo vapor! Estamos ensaiando todos os dias e a estreia está marcada para o dia 8 de julho no Teatro do Morumbi Shopping. Temos um patrocínio da Tokio Marine Seguradora, o que nos possibilitou manter um elenco de oito atores e uma equipe com mais de 15 pessoas. Este espetáculo também é uma homenagem aos 40 anos de carreira da atriz Iara Jamra, conhecida por seu papel de Nina no seriado infantil “Ra Tim Bum” da TV Cultura, mas que também esteve nas novelas “O Rei do Gado”, “Tieta”, “Olho no Olho”. E eu me sinto feliz e sortudo em poder fazer parte de um momento tão importante pra ela e pra mim.
E a série sobre Chitãozinho e Xororó, como está? Tem previsão de estreia para quando?
A estreia está prevista para esse ano em comemoração aos 50 anos da dupla. Eu visitei alguns sets de filmagem e posso garantir que está ficando tudo lindo. Cada episódio é sobre uma canção. Tem “Galopeira”, “Fio de Cabelo”, “Rancho Fundo”, “Fogão de Lenha” e claro, o hino “Evidências”, que ficou para o último episódio. A série vai parar o Brasil e eu não poderia ser mais grato por ter sido chamado para ser um dos roteiristas dessa obra.
Como este trabalho chegou até você?
Por incrível que pareça, foi no teatro que a série me encontrou. Eu estava com uma peça de minha autoria em cartaz, quando o Hugo Prata [diretor e criador do projeto] foi assistir. Ele ficou impressionado com a qualidade do meu texto e me convidou para desenvolver alguns projetos, mas não havia tocado no assunto da série dos irmãos Lima. Com o fechamento da Ancine, ficamos sem chão. Eu fui tocar meus trabalhos no teatro, da forma que foi possível, porque o terreno estava/está infértil para as artes, dado o momento político atual. Em 2020, ele me ligou me escalando para o projeto da série. Foram oito meses de trabalho diários, conversas com José e Durval [só consigo chamá-los assim agora] até a entrega da primeira temporada.
“PAREÇO CRIANÇA DESCOBRINDO O DOCE ESCONDIDO. E TER A HONRA DE PODER CRIAR ESSA HISTÓRIA DE UMA DUPLA TÃO QUERIDA PELO BRASIL, OLHA, É UM DIVISOR DE ÁGUAS E ALGO QUE NÃO ACONTECE SEMPRE NA VIDA DE UM ARTISTA”!
Quais as suas expectativas para ambos os trabalhos?
Gratidão define o momento. Eu já estou no teatro há algum tempo e sempre me surpreendo com cada trabalho, cada novo desafio. “Feliz Dia das Mães” é a minha primeira comédia e tem uma responsabilidade enorme envolvida. A série, bem, eu escrevi para atores como Andrea Horta, Marco Ricca, Felipe Simas, Rodrigo Simas, Hugo Possolo, Talita Younan [que é prudentina], um elenco só de feras. Estou ansioso pra ver e ouvir esse time falando textos que eu escrevi. Pareço criança descobrindo o doce escondido. E ter a honra de poder criar essa história de uma dupla tão querida pelo Brasil, olha, é um divisor de águas e algo que não acontece sempre na vida de um artista!
Está com novos projetos já em vista? Pode nos adiantar algo?
Estou encerrando o roteiro de um longa-metragem que vai ser filmado ainda esse ano. Terminei no último final de semana a temporada da peça “Yerma” de Federico Garcia Lorca, que dirigi e atuei. Estamos filmando a web série “Falta de Educação” criada por mim e dirigida pelo Ulysess Cruz. Em julho começo a dirigir a Regiane Alves num texto espanhol chamado “Nosso Irmão”. E avaliando convites, tentando encaixar na agenda. Ah! Estou desenvolvendo a série “Feliz Dia das Mães” que é inspirada na peça, além de dois textos para o teatro. Parar não é uma possiblidade!
Relembrando o início de sua carreira na arte. Quando saiu de Prudente e por quê?
Me formei em Comunicação Social na Unoeste [Universidade do Oeste Paulista] e em 2001 vim para São Paulo. Eu fazia teatro na cidade e desde 1997 estava na Cia de Teatro da Unoeste com o Fabio Nougueira. Quando acabou a faculdade, decidi passar um tempo aqui em São Paulo para fazer alguns cursos e estou até hoje! Comecei a dar aulas e desde 2006, abri minha empresa de gestão cultural, fui dirigir teatro, escrever e assim a minha história foi sendo construída. Mas é curioso lembrar um fato, tudo começou em 1996 num curso livre de teatro numa casa de esquina da Avenida Celestino Figueiredo, uma casa que eu tinha morado quando criança e que depois se tornou um centro de artes.
Com que frequência tem vindo a Prudente?
A família toda mora aí. Geralmente eu vou no final do ano, mas eu sinto falta de estar mais vezes. São 22 anos de São Paulo, um tempo batalhado e cheio de histórias. Sinto-me acolhido por esta capital, mas sempre com saudade de por o pé nessa terrinha e sentir o calorão da região. Tenho muitos amigos de infância e faculdade e sempre que estou aí, volto aquecido e renovado para novas histórias.
Felix Graça
“Feliz Dias das Mães – A Comédia” estreia dia 8 de julho
