Nos últimos anos, os afastamentos do trabalho devido a problemas de saúde mental têm se tornado uma questão crescente. Em Presidente Prudente, como noticiado nesta edição, o número de concessões de benefícios previdenciários associados à saúde mental, entre acidentários e comuns, mais que dobrou, ao passar de 321, em 2023, para 704, em 2024, ou seja, um aumento de 119%. Tais dados são do Observatório de Segurança e Saúde no Trabalho, que ainda revela que, na série histórica, ou seja, entre 2012 e 2024, cerca de 4,3 mil auxílios-doença, por problemas relacionados ao tema, foram liberados na capital do oeste paulista, os quais resultaram em mais de 695 mil dias perdidos de vida saudável e de atividade produtiva.
Os transtornos como depressão, ansiedade, síndrome de burnout e outros problemas emocionais não são apenas questões pessoais, mas um reflexo de um cenário social, cultural e econômico que exige atenção urgente. A saúde mental, muitas vezes negligenciada ou minimizada, precisa ser tratada com a mesma seriedade que qualquer outra condição física.
De acordo com dados recentes de entidades como a OMS (Organização Mundial da Saúde) e o Ministério da Saúde, os afastamentos por problemas de saúde mental vêm crescendo de forma preocupante. No Brasil, a depressão já é considerada uma das principais causas de incapacidade laboral, e estima-se que até 2030 ela seja a principal causa de afastamento por questões de saúde. Se antes os problemas emocionais eram vistos de forma estigmatizada, atualmente começam a ser reconhecidos como uma epidemia silenciosa que atinge pessoas de todas as idades, classes sociais e profissões.
O aumento dos afastamentos é resultado de uma série de fatores que envolvem o ambiente de trabalho, a vida pessoal, e a falta de políticas públicas efetivas de apoio à saúde mental. A pressão por produtividade, o estresse crônico, as jornadas de trabalho excessivas e a falta de reconhecimento são apenas alguns dos gatilhos que afetam o bem-estar psicológico dos trabalhadores. Além disso, a crescente insegurança econômica e o agravamento das desigualdades sociais também são fatores que contribuem para esse quadro.
Enquanto a sociedade continua a evoluir em muitos aspectos, o cuidado com a saúde mental muitas vezes fica em segundo plano. O sistema público de saúde, embora tenha avançado em algumas áreas, ainda carece de recursos e estrutura para atender à demanda crescente de tratamentos psicológicos e psiquiátricos. Em muitos casos, as consultas são escassas, e o tratamento adequado pode ser demorado, fazendo com que os pacientes busquem o afastamento do trabalho como única forma de tratamento.
A conscientização sobre os problemas de saúde mental é essencial para que possamos transformar essa realidade. Precisamos entender que a saúde mental não é apenas a ausência de doenças psicológicas, mas um estado de bem-estar emocional e psicológico que permite que as pessoas lidem com os desafios da vida de maneira equilibrada. A sociedade precisa superar os tabus e estigmas em torno da saúde mental e tratar essas condições com o mesmo cuidado e atenção que qualquer outro problema de saúde física.