A ansiedade e o tempo presente

OPINIÃO - Saulo Marcos de Almeida

Data 18/05/2021
Horário 04:30

O correr da vida embrulha tudo, 
a vida é assim: 
esquenta e esfria, aperta e daí afrouxa, sossega e depois desinquieta.
O que ela quer da gente é coragem.
G. Rosa 

Embora se reconheça a existência e importância de especialistas da saúde contemporâneos advertindo para os males causados pela ansiedade, inclusive como uma das principais causadoras da depressão, há muito tempo Jesus exortava sobre o transtorno e seus desdobramentos na vida humana. 
Para Cristo, a ansiedade era uma divisão interna, produtora de preocupações demasiadas com o que ainda não aconteceu e, sobretudo, não se pode prever. Para tanto, a orientação: Ninguém pode servir a dois senhores. A não assertividade na vida presente pode trazer prejuízos emocionais no cotidiano que carece sempre de um recomeço, característica primeira da humanidade, como dizia Agostinho: O homem foi criado para que no mundo houvesse sempre um começo.  
Por outro lado, não se pode entender nas palavras divinas quaisquer indicações de comodidade, posto que a ausência de ansiedade não é a isenção de responsabilidades assumidas no decorrer de nossas atividades no trabalho, família e demais compromissos.
Assim, deve-se entender a ansiedade como injustificável a despeito do tempo que se vive e das agruras que ele produz. Essa preocupação em demasia com o amanhã, sem que se possa prever efetivamente o que virá (humanamente impossível), não auxilia o ser humano em absolutamente nada!
Quando se permite que o potencial presente - vontade, atitude, energia - se instale apenas nas expectativas do futuro e se direcione tão somente às coisas, deixa-se de perceber/sentir o cuidado e zelo divinos no processo cotidiano da vida. Em outras palavras: ao projetar-se sem limites para o que pode vir a acontecer (futuro), esquece-se que Deus supre as necessidades presentes e, na maioria das vezes, tão pouco cessam-se as atividades humanas,  para sequer agradecê-lo pelas dádivas recebidas. 
Por isso, Ele adverte chamando de incrédulos aqueles/as que assim procedem, pois eles que: procuram todas estas coisas. E acrescenta: homens/mulheres de pequena fé. Daí decorrem as recomendações de que o ser humano, num processo de enorme ansiedade, deve observar as aves do céu e os lírios do campo - se o criador é capaz de cuidar de suas criaturas, não protegeria muito mais os que foram criados à sua imagem e semelhança? 
A ansiedade não se justifica, pois impede que se veja o que Deus faz na vida hoje, assim: basta a cada dia o seu mal e ninguém pode acrescentar um côvado (menos de 50 cm) à sua existência. 
A ansiedade também é injustificável porque contraria a vontade maior de Deus, qual seja: Buscai, pois, em primeiro lugar, o seu reino e a sua justiça. 
O ser humano é construtor do Reino de Deus na Terra e seu compromisso consiste em obedecer a Cristo e servir ao próximo como atividade fim (finalidade) até que Ele venha!
Permita que Deus auxilie essa área tão sensível da vida humana, demasiadamente humana! Que a ansiedade, impossível de não ser experimentada em qualquer tempo da existência, conte com a responsabilidade humana e, sobretudo, com a graça de Deus. Texto bíblico de referência: Mateus 6. 24-34. 
 

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