A educação e a venda de sonhos 

OPINIÃO - Wilson Kunze

Data 17/02/2024
Horário 05:00

Começo registrando que não estou falando daquele doce fofinho, recheado e gostoso, vendido em quase todas as padarias de nosso país. Estou falando dos sonhos perfeitos que se vende, principalmente, nas instituições de ensino superior e que na vida real no mercado de trabalho poucas vezes se concretizam. 
Muitas dessas instituições vendem sonhos ao invés de propiciarem ensino de qualidade embasado em teoria e prática, o que acaba gerando frustrações para o estudante. E para não ser vago, vou citar um exemplo que me foi relatado há algum tempo por um gerente de uma média empresa que atua na nossa região, quando falávamos sobre a carência de mão de obra para atuar nos mais diversos setores empresariais.  
No caso dessa empresa, era uma vaga para assistente financeiro. Na entrevista, o candidato se mostrava confiante e ao ser perguntado sobre suas expectativas para a vaga, foi logo dizendo que estava mais do que pronto para assumir o cargo, que iria mostrar todo o seu potencial comandando toda a área financeira para obter os melhores resultados. Vejam que a vaga era para assistente e não para coordenador ou algo parecido. Mas vamos adiante: a pergunta seguinte foi sobre sua experiência na área, afinal constavam no currículo apenas dois estágios com aproximadamente um ano cada.  
Aí veio a revelação surpreendente: disse que sentia estar preparado inclusive para assumir o cargo do gerente, pois seus professores sempre falavam que quando terminasse o curso, os alunos estariam preparados para serem gestores, pois sua formação estava sendo de alto nível. Perguntado como o que um fluxo de caixa, disse que não aprendeu sobre isso na universidade. E na sequência da entrevista, ficou clara, a falta de conhecimento do candidato em assuntos como comunicação empresarial, relacionamento interpessoal, tomada de decisão, ferramentas tecnológicas e outros.  
E por que trouxe esse exemplo para a coluna de hoje? Pelo fato de que há pouca interação das instituições de ensino superior com as empresas, o que gera um outro problema, pois se abordam teorias embasadas em estudos e pesquisas que não se aplicam principalmente aos negócios do modo como acontecem. No caso do candidato citado, ele relatou ainda que durante o curso nunca foram realizadas visitas a empresas e que temas como empreendedorismo e inovação foram escassos.  
O que se aprende na escola e, principalmente, na universidade é fundamental, mas falta conexão com o mercado de trabalho. É importante enxergar isso e buscar criar um equilíbrio entre as atividades acadêmicas e as demandas do mercado, mantendo uma maior interação com o mundo empresarial, formando cidadãos e profissionais que as empresas terão maior facilidade em contratar.  E os professores precisam se mexer, tomar iniciativas e saírem de suas torres de marfim, afinal os alunos são seus clientes e as empresas é que irão validar ou não o seu trabalho.   
Até quando a educação superior vai continuar atrasada no tempo?
 

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