A façanha de Iris Rezende

OPINIÃO - Hugo Rocha

Data 13/11/2021
Horário 05:00

A cena política perdeu no último dia 9, aos 87 anos, um de seus nomes mais emblemáticos, o ex-governador de Goiás, Iris Rezende. A astúcia desse homem público entra para a história brasileira e não pode ser esquecida nem por seus companheiros goianos, nem pelo país. 
A política tem inúmeros exemplos de figuras que dedicaram sua vida ao serviço público. Verdadeiros políticos. Com trajetória de realizações, Iris foi um desses. Advogado e pecuarista quase nunca é lembrado por esses títulos. As deferências sempre se mantêm no campo da política, onde ele exerceu os cargos de vereador, prefeito, ministro da Agricultura (Governo Sarney) e Justiça (FHC), senador e governador. 
Seu último cargo público foi o de prefeito de Goiânia (2017-2020). Ao desistir da reeleição, abriu mão de mais de 50% nas intenções de votos para sair da vida pública. Teve participação ativa na vida de seu Estado natal e viveu os anos de seu trabalho afim de fazer grandes obras, sempre presentes em suas gestões. 
Desde muito cedo me interessei por política e Iris ganhou espaço destacado. Em 2010 conheci, através do noticiário, esse fenômeno político. Eu tinha 15 anos e havia colocado como meta conhecê-lo, o que não aconteceu. Era ano eleitoral e Iris concorria ao governo de Goiás pelo MDB. Perdeu para o tucano Marconi Perillo. 
Mesmo não o conhecendo pessoalmente e nem residindo em seu Estado (Goiás), fui um admirador do seu trabalho. Qual a resposta para esse respeito e admiração? Talvez ajam duas. A primeira delas é a maneira séria como conduzia e produzia suas gestões. A segunda, o gesto paternal e fraterno que se apresentava em suas campanhas. 
Desde agosto de 2021, quando foi vítima de um AVC, Iris estava internado para recuperação na capital paulista, no Hospital Vila Nova Star. Aproveitei minha passagem por São Paulo, no dia 19 de setembro e encaminhei meus votos de melhora em uma carta para ele e sua família. Foi um gesto de afago a uma pessoa que tem uma trajetória admirável e inspiradora.
Iris representa uma velha safra de políticos que falava e fazia. Não era um bravateiro, muito menos aventureiro. Obras? Ele realizava. Teve a proeza de, com seus mutirões de construção, edificar 1000 casas em um dia. Debates? Ele enfrentava. 
Um homem de coragem, que dedicou a vida a servir o povo em cargos eletivos. Não há mal nenhum nisso. A sanha que demonizou políticos e elegeu centenas de representantes que nada propuseram e nada seguem fazendo, passou ilesa por Iris e sua biografia. 
Antes de atacarmos com o fígado a política e seus representantes, devemos lembrar de histórias e homens como Iris Rezende. Meus sentimentos a esposa, dona Iris de Araújo Rezende e os filhos Ana Paula, Adriana e Cristiano.
 

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