A democracia se sustenta na crítica, na cobrança e na alternância de poder. Sempre que esses pilares são abandonados em nome da idolatria a um líder político, abre-se um caminho perigoso que a história já mostrou onde termina: no autoritarismo e na violência.
O século XX oferece exemplos eloquentes. Na Alemanha, a veneração quase religiosa a Adolf Hitler destruiu a capacidade crítica de milhões de cidadãos e abriu espaço para a barbárie nazista, responsável pela morte de milhões e pela devastação da Europa. Na Itália, Benito Mussolini surfou na exaltação de massas para consolidar um regime fascista que mergulhou o país na guerra e na miséria. Na União Soviética, Josef Stálin se manteve no poder alimentado por um culto à sua personalidade, o que permitiu perseguições políticas, expurgos e milhões de mortes.
Também a América Latina conheceu tragédias semelhantes. O culto a caudilhos e ditadores, sustentado por uma devoção irracional, resultou em golpes de Estado, repressões sangrentas e retrocessos institucionais. Em todos esses casos, a idolatria política retirou do povo sua função de fiscalizar e cobrar, transformando líderes em figuras acima da lei e das instituições.
O que esses exemplos revelam é uma verdade simples e contundente: político não deve ser idolatrado, mas cobrado. Governantes existem para servir, prestar contas e responder à sociedade, não para serem tratados como salvadores da pátria. A democracia só se fortalece quando o cidadão exerce sua responsabilidade crítica e não entrega a própria consciência ao carisma ou ao discurso de um líder.
A idolatria política é, portanto, o caminho mais curto para o abismo. Sociedades que transformam homens em mitos quase sempre terminam presas ao autoritarismo, à violência e à perda das liberdades que levaram décadas a conquistar. O alerta é urgente: líderes passam, instituições ficam — e cabe ao povo garantir que continuem a servir ao interesse público, e não o contrário.