A lua foi sua cúmplice

Amante da beleza recebeu a lua para ser sua cúmplice, em seu cortejo para casa. Ela acompanhou nosso carro e o “dele”, durante toda a viagem. Entre as nuvens aparecia, mostrando só uma pontinha. Tímida, escondia-se novamente. Aparecia arreganhando-se. Estava com tristeza em aparecer. Brincava de esconde-esconde, tentando agradar. E então se escondeu mesmo. Nem a lua queria acreditar. Permaneceu em luto por ele e por nós. Ah, lua! Por que não inventou uma poção mágica ou um milagre? Só tinha 51 anos. Foi embora muito cedo. 
Nesse domingo, bem de manhãzinha, ele tinha pressa. Queria rever muito, muito do que sabia que o esperava aqui. Sua vontade em retornar para junto dos seus, foi reconhecido pelo brilho de seu olhar, quando chegamos para buscá-lo. “Toca, toca logo. Não pense muito. Não há tempo, para mim. Quero voar, pousar, quero ar. Por favor, obedeça! Transporta, por favor, minha alma. Sei que não tenho mais tempo. Quero chegar. Leve-me de qualquer jeito”, expressava. 
Sim. Obedecemos. O caminho foi longo, extenso, sinuoso e doloroso. Você respira agora! Juntos e unidos em um só pensamento, com você, bem juntinhos. Em nenhum momento, solitário. Companhia viva dos três, seguimos. A sua viagem foi marcada pela beleza e cumplicidade da lua. Fabinho, Fabito, Binho, deixa grande legado. Entre a estética até a transcendente beleza, tinha o dom de afinar em sintonia, harmonia a sinfonia corporal. Amava cantar, tocar, compor, rock’n roll e Beatles. Permanece vivo em cada cliente pela satisfação, realização de desejos e sonhos na cumplicidade pela busca da forma ideal.  
Lutou num ringue por sete anos, ganhou algumas batalhas. Grande músico torna-se vivo entre nós, em suas composições de grandes expressões pelo desejo sedento na tessitura dos sonhos intermináveis pela vida. Amava tocar guitarra, bateria e violão. Sua banda criada em 1985, deu Curto Circuito, o YouTube é quem o diz. Entendia através da música, a forma e expressão pela qual o ser humano tenta precariamente relacionar-se mutuamente. 
Deixa composições, representando confidências num desabafo de toda sua dor e despedida pela arte do viver com tudo aquilo que mais amava fazer, ser e estar. Eis o fragmento da música em que deixa para ouvirmos: “O que é que represento agora? Como é que tá o mundo lá fora, eu não sei. Que que eu faço com o mundo, que aqui mora? O que é que eu faço com os sonhos que foram embora? Será que eu tenho que esquecer? Será que há algum mal em lhe ver, assim? Tento achar as novidades, para te contar, te contar... Tento afastar a maldade, e o bem te tocar. É o que me resta fazer, tentar entender o que eu era, o que eu queria ser, e o que sou. O mundo que sonhei, não mudou. O que meu pai disse, foi  que ficou. Tudo está como antes. O que  estava perto, ficou tão distante, de mim. Tento achar a novidade, para te tocar, te tocar. Tento afastar a maldade e o bem te tocar. É o que me resta fazer, cantar e  entender, o que era, o que eu queria ser e o que sou”. Cunhado! Como está o churrasco, aí no céu?
 

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