A natureza geme!

OPINIÃO - Saulo Marcos de Almeida

Data 15/02/2022
Horário 04:30

“Porque sabemos que toda a criação, a um só tempo, 
geme e suporta angústias até agora”
Romanos 8.22

O mundo cristão no Ocidente, em sua principal Confissão de Fé, procura demonstrar o fato de ser Deus o autor/fundador de todas as coisas. “Creio em Deus Pai Todo-Poderoso, criador dos céus e da terra” - Recita-se em nossas comunidades, dominicalmente.
Assim, em crença e obediência a Deus e tudo o que existe: os testemunhos constantes no cotidiano do fiel/crente, como que sacramentos em forma de adoração e gratidão ao Eterno que, além de criar, disponibilizou graciosamente tudo que fez para o bem estar do ser humano, sinais de Deus!
Contudo, e, infelizmente, ainda há uma distância enorme entre reconhecer a iniciativa criadora divina e o cuidado que se deve ter com toda a obra da criação. 
Algumas razões da malvadeza humana para com a criação/natureza de Deus, mesmo tendo Ele achado tão bom tudo o que fez e criou!
Lamentavelmente, a teologia cristã tratou de separar a natureza/ambiente do ser humano, como se fossem distintos, um do outro. É comum essa forma de enxergar e ver o mundo como alguma coisa fora (ali e não aqui) e desligada de todos nós. Como se não houvesse vínculo nenhum com a terra/pó, de onde o próprio Deus criou o homem e a mulher. 
Essa separação/dicotomia entre o ser humano e o mundo é uma incoerência enorme na confissão cristã. Porque se reconhece o Deus que cria, contudo, não se considera no dia a dia da espiritualidade, o cuidado e zelo com o Jardim de Deus, criado e reconhecido desde o início da vida!
Há ainda uma segunda contradição humana para com o mau trato à natureza, dolorido no coração de Deus. Faz-se uma leitura equivocada dos textos bíblicos, quando se é dito que ao homem cabe o domínio “...sobre os peixes do mar, as aves dos céus e todo o animal que se move sobre a terra”. Ora, se os biomas criados são distintos/separados do ser humano cabe, então, dominá-lo e sujeitá-lo com todas as forças e estratégias possíveis, numa interpretação colonialista e exploradora. 
Leitura parcial dos textos sagrados. Porque, no segundo relato da criação, no livro de Genesis, o que se tem é o mandato de Deus para cultivar a terra, zelar dela para a manutenção da vida - gratuitamente dada pelo Criador!
Termino esse artigo, humildemente, apontando que os cristãos precisam considerar os gemidos da natureza (revelação de Deus) que, biologicamente, são denominados de reações e que servem de respostas duras e penosas, à forma bruta como o ser humano tem tratado o mundo habitado, a moradia de Jesus, em sua graça especial, e a casa de todos nós, em sua dádiva comum!
Não há direitos adquiridos para se maltratar a natureza e tudo o que Deus, em Jesus Cristo, criou! 
O dinheiro e a obstinada exploração da terra, mundo criado (cosmos/ordem), são pecados de gente que só deseja o lucro e a expansão de seus negócios, enquanto se estende a fome, a sede, a destruição e o caos (desordem).
Em nome de Jesus, o Cristo, cessem os gemidos da criação e suspendam suas angústias, pois Deus, eternamente, é o Criador!
 

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