Acidente com material biológico lidera casos

Intoxicação exógena, LER/Dort e perda auditiva induzida por ruído são outros tipos de agravos registrados pelo Cerest

REGIÃO - ANNE ABE

Data 13/09/2017
Horário 12:13

om o total de 221 casos registrados no Cerest (Centro de Referência em Saúde do Trabalhador), entre janeiro e agosto deste ano, o acidente de trabalho com exposição a material biológico representa 52,9% dos agravos, ou 117 presentes na região de Presidente Prudente, ou seja, é o problema trabalhista mais corriqueiro. Na sequência, encontram-se a intoxicação exógena, que é a exposição a substâncias químicas, e também o LER/Dort (lesões por esforços repetitivos/doenças osteoarticulares relacionadas ao trabalho), com 38 casos cada um.

A médica do trabalho do Cerest, Marcy Cunha de Oliveira Dorigão, explica que o agravo é referente a acidentes que ocorrem, principalmente, no setor de saúde, como, por exemplo, perfurações com agulhas. Com isso, esses casos são os mais notificados no Sinan (Sistema de Informação de Agravos de Notificações), pelos supervisores dos próprios profissionais.

“Se comparado com o ano passado e no período do ano em que estamos, o número de notificações ainda está na média. Agora, se for seguir o que determina a NR 32 [Norma Regulamentadora], essas notificações deveriam ser menores”, declara a médica do trabalho. A profissional ainda explica que, assim que o acidente ocorrer, o funcionário deve informar o gerente da unidade e realizar o teste rápido de hepatite, HIV e sífilis, no próprio local de trabalho, ou, então, procurar um ambulatório do DST/Aids.

 

Legislação

Algumas das medidas de proteção presentes na NR 32 determinam que todo local com a possibilidade de exposição a agente biológico deve ter lavatório exclusivo para higiene das mãos; os trabalhadores devem utilizar vestimenta de trabalho adequada, que deve ser fornecida sem ônus para o empregado; o empregador deve assegurar capacitação dos trabalhadores, antes do início das atividades e de forma continuada; e, em caso de acidente, os trabalhadores devem comunicar o responsável pelo local de trabalho.

Segundo a advogada trabalhista, Deborah Rocha Rodrigues Zola, existem dois ambientes considerados de risco para os funcionários: de insalubridade, onde há contato com materiais biológicos, químicos ou auditivos; e de periculosidade, em que há um risco eminente, como, por exemplo, postos de gasolina ou aeroportos. “Quando o profissional atual nesses locais, a empresa é obrigada a oferecer todos os equipamentos necessários para sua proteção”, explica.

Deborah acrescenta que os problemas desenvolvidos podem ser de origem do trabalho, chamados de ocupacionais; e as doenças com causa, em que são agravadas devido à atividade desenvolvida, conforme a advogada. Ela ainda informa que, se a pessoa se sentir prejudicada pode realizar uma denúncia anônima no Ministério do Trabalho, ou, então, pode entrar com uma ação na Justiça do Trabalho.

 

Proteção aos funcionários

A Pair (perda auditiva induzida por ruído) é outro agravo presente na região, com 22 casos registrados, sendo 18 em Prudente e quatro em Sandovalina. Esse total é considerado baixo pela fonoaudióloga e supervisora do Cerest, Meire Judai Barretto, tendo em vista que a maioria é subnotificada, ou seja, não chega diretamente ao centro, pois muitos casos de perda auditiva são diagnosticados em unidades de saúde, onde não são relacionados ao trabalho. “Não se investiga o histórico dessa perda de audição e, muitas vezes, é devido ao ambiente de trabalho, principalmente, em pessoas mais velhas”, acrescenta.

Para evitar esses números de Pair, a supervisora explica que é preciso que a empresa adapte os equipamentos para que não haja ruído nos locais de trabalho, e ainda mantê-los com a manutenção em dia. Essas medidas são seguidas pela Eros, empresa que atua no ramo de fabricação de alto-falantes, juntamente com o fornecimento do EPI (Equipamento de Proteção Individual), com o objetivo de preservar a integridade do funcionário e manter o bom trabalho.

“Temos maquinários com a média de 80 a 82 decibéis, por isso, todos os funcionários passam por exames laborais e por um processo de integração, em que explicamos os cuidados, os riscos e as regras da empresa”, expõe o técnico em segurança do trabalho, João Paulo Modaeli.

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