Agosto Verde alerta sobre leishmaniose visceral canina

Em Prudente, até julho último, foram registrados 112 casos autóctones e um importado, aponta o Centro de Controle de Zoonoses

PRUDENTE - DA REDAÇÃO

Data 16/08/2022
Horário 04:05
Foto: Cedida
Imagem de um cãozinho no início da doença, com paresia nas patas posteriores
Imagem de um cãozinho no início da doença, com paresia nas patas posteriores

No mês marcado pela campanha Agosto Verde é importante destacar a importância do combate à leishmaniose visceral canina, doença transmitida pela picada do mosquito-palha. Em um levantamento feito pelo CCZ (Centro de Controle de Zoonoses), até julho deste ano foram registrados 112 casos autóctones (que são moradores do município) e um importado (que veio de outra cidade). Em 2021 foram três importados e que residem há pouco tempo, e 189 autóctones, no mesmo período.
O veterinário responsável pelo CCZ, Guilherme Vincoletto Kempe, 35 anos, destaca que hoje em dia existe uma vacina no mercado que garante maior proteção aos animais no que diz respeito a esta doença. Contudo, ela deve ser associada a outros métodos de profilaxia, como o uso da coleira repelente - muito importante para prevenir contra a doença -, bem como manter terrenos e casa limpa, livre de matéria orgânica em decomposição, diminuindo a proliferação do real causador do problema, que é o mosquito-palha.
Um leitor deste jornal, que não quis se identificar, perdeu há duas semanas quatro filhotes de cachorros de uma raça de grande porte de uma só vez. Segundo ele, todos estavam saudáveis, fortes, com pelagem e dentes bonitos, e, da noite para o dia, amanheceram babando e não paravam em pé.
“Um deles amanheceu morto. Os outros três foram internados, mas não teve o que fazer, infelizmente. Dói na alma da gente, porque você cuida com todo amor do mundo. Os bichinhos olhavam de um jeito que pareciam pedir socorro. Lembro que quando tinha 9 anos perdemos uma cachorrinha e minha mãe disse que nunca mais teríamos um cachorro. Realmente nunca mais ela teve. Agora eu a entendo”, chorou o leitor de 26 anos.

Leishmaniose visceral canina

Guilherme explica que a leishmaniose é uma zoonose tropical, conhecida popularmente como calazar, causada por um protozoário, Leishmania, que é transmitida do cão para o ser humano através do mosquito flebótomo, popularmente conhecido como mosquito-palha ou birigui.
“As formas de transmissão entre cão e humano são apenas pela picada do mosquito-palha. Existe a transmissão transplacentária [da mãe para os filhotes], tanto que todo cão em tratamento de leishmaniose deve ser obrigatoriamente castrado e seguir com coleira repelente”, ressalta o profissional. 

Tratamento disponível

O veterinário menciona que existem alguns protocolos dependendo do estágio da doença, ou as condições dos animais. Segundo ele, o tutor deve procurar um profissional capacitado e seguir as diretrizes do Ministério da Saúde em relação a isso. “Existem medicamentos que são obrigatórios por certos períodos da doença e outros que têm uma continuidade para o resto da vida do animal”, diz.
Perguntado a ele se um cão com leishmaniose está fadado ao sacrifício ou é preciso mudar esse pensamento, Guilherme enfatiza que o que deve ser mudado é que o cão não é o maior vilão da história.
“O trabalho que devemos fazer é a profilaxia. O cão é mais uma vítima do que o culpado nesse caso. Existe a opção da eutanásia em casos de animais que estão em sofrimento físico ou em casos de a pessoa não conseguir arcar pelo tratamento”, explica o veterinário.
Isso porque, conforme Guilherme, trata-se de uma questão de saúde pública. “Por isso não podemos ter um reservatório [como o cão é classificado nesse caso] podendo ser fonte de transmissão, sem os devidos cuidados, então, a eutanásia acaba sendo uma opção de controle nesse caso”, complementa o profissional.

Sintomas

A maioria dos cães não desenvolve sinais e sintomas clínicos. Quando a doença se manifesta, os mais frequentes são apatia (desânimo, fraqueza, sonolência); perda de apetite; emagrecimento progressivo; feridas na pele, no focinho, orelhas, articulações e cauda que demoram a cicatrizar; descamação e perda de pelos; crescimento exagerado das unhas; problemas oculares; diarreia com sangue e paresia dos membros posteriores.

Foto: Cedida

Quatro filhotes criados por um leitor morreram na semana passada

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