Após denúncia, MPE anuncia inspeção em área

Os moradores, principalmente os que moram às margens da mata, relatam não suportar mais o mau cheiro da água suja acumulada em uma poça, além de insetos e animais peçonhentos que aparecem em suas casas.

PRUDENTE - Oslaine Silva

Data 22/07/2014
Horário 01:13
 

Atendendo reclamações de moradores à reportagem de O Imparcial, técnicos do MPE (Ministério Público Estadual) anunciaram, ontem, que promoverão uma inspeção para verificar uma possível agressão ambiental, em uma área verde aos fundos do jardim Novo Bongiovani, em Presidente Prudente. No local, há uma poça de grande proporção, com água suja, lixo e entulho. Conforme André Luis Felício e Pedro Romão Neto, promotores de Justiça, a Cetesb (Companhia Ambiental do Estado de São Paulo) será acionada para analisar e "descrever o real problema". Para os denunciantes, se trata de despejo de esgoto, o que é descartado pela Sabesp (Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo).

Jornal O Imparcial Além de lixo ao seu redor, poça exala odor forte e preocupa os moradores do bairro

Conforme o MPE, dependendo do que for constatado no local, será aberta uma investigação, que pode resultar em uma ação civil pública em face dos causadores do dano, haver uma proposta de TAC (termo de ajustamento de conduta) ou mesmo gerar recomendação a órgãos públicos envolvidos para que tomem providências.

Os moradores, principalmente os que moram às margens da mata, relatam não suportar mais o mau cheiro da água suja acumulada em uma poça, além de insetos e animais peçonhentos que aparecem em suas casas. O soldador Rubens Benedito de Souza, 55, não sabe dizer de quem é a responsabilidade em manter o asseio e limpeza da área, bem como o escoamento da água que corre pela mata. Porém, reclama que quando os setores de saúde da prefeitura fazem vistorias nas residências, muitas são as exigências. "E essa situação de descaso com a natureza e com quem mora por aqui pode? O cheiro da água é insuportável, pernilongo dia e noite, cobras e escorpiões. Essa mata já foi muito bem cuidada, é lamentável essa situação", desabafa ele, que guarda em um vidro escorpião que encontrou dentro de casa.

Os aposentados Lorival Esmênio Carneiro, 77, e Ruy Bernardo dos Santos, 57, afirmam acreditar que "o despejo seja de esgoto", e pedem que o local seja canalizado o quanto antes. "Esse espaço está propício para o alojamento de escorpiões. Há duas semanas, minha esposa foi picada por um escorpião dentro de casa, enquanto dormia. Graças a Deus a socorremos a tempo", conta Carneiro.

A reportagem entrou em contato com a Sabesp (Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo), para repercutir o assunto. Por meio de sua Assessoria de Imprensa, a estatal informou que uma equipe técnica da companhia esteve no local e detectou que não há despejo e nem vazamento de esgoto na área.  Segundo a empresa, o bairro, assim como os demais, conta com sistema de coleta/tratamento e drenagem urbana.

Por sua vez, Marcos Tadeu Cavalcante Pereira, titular da Secom (Secretaria Municipal de Comunicação), garante que representantes das pastas municipais de Meio Ambiente e de Obras e Serviços Públicos, da mesma forma, estarão com suas equipes no local para averiguar o problema.

 

Saúde pública


Além da agressão ambiental, pessoas que residem próximo à área temem estar expostas a problemas de saúde. O infectologista André Luiz Pirajá da Silva explica que lixo e entulhos descartados indevidamente nas ruas, em mananciais e encostas das cidades, "são sem dúvida um problema de saúde pública", pois podem provocar no ser humano doenças que são transmitidas por meio hídrico ou pelo contato direto com resíduos de todas as espécies. Entre elas, cita dengue, disenteria, leptospirose e verminoses.
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