A camiseta com o mapa-múndi estampado no peito reflete o amor que o argentino de 44 anos, Claudio Diaz, tem em viajar pela América Latina desde 2013, dentro de uma Kombi modelo 1987, com a companhia de uma cachorra pra lá de dócil e especial que leva o nome de Trompa. A aventura, que já passou por 18 países, não tem data de término e desembarcou em Presidente Prudente na última semana, o que, como todos os demais destinos, não estava no roteiro que, aliás, nem existe. “Eu não tenho um cronograma e não sei quanto tempo ficarei em cada lugar. Tudo depende. O importante é aprender culturas, conhecer pessoas e realizar meu sonho”, comenta. A jornada do “hermano” pode ser acompanhada por meio das redes socais no perfil “Por Ahi en el Mundo”.
Sobre o início da experiência, Claudio comenta que desde pequeno, quando viajava com a família, se via apaixonado pelo percurso, experiências vividas e momentos de prazer proporcionados pelas aventuras. Já adulto, em 2013, depois de trabalhar “com tudo e muita coisa”, viu que era hora de seguir os instintos e sair sem medo desbravando culturas. Inicialmente, a ideia era aproveitar essa oportunidade em cima de uma moto, mas logo com a ajuda da mãe e com um pouco de reflexão, percebeu que a Kombi – customizada e que chama muito a atenção por onde passa - seria a melhor escolha, principalmente por caber um colchão dentro dela, o que permitiria maior conforto durante a estadia nos países e também pela economia do veículo.
“Não tenho cartão de crédito, seguro do veículo e nem dinheiro sobrando. Minhas companhias são minha cachorra, a minha vontade de conhecer novas pessoas e a intenção de aproveitar novas culturas, costumes e comidas”, lembra. Para essa rotina – ou falta dela – que teve início em 2013, já se foram 18 países visitados, como o Chile, Bolívia, Panamá, Guatemala e o Peru, onde ganhou a companheira Trompa no dia 5 de outubro de 2014.
“No início minha família pensou que eu era louco por largar tudo e ir viver esse desafio. Tentaram me convencer o contrário, mas estava decidido. Hoje eles lidam bem e no meio desses anos todos tive a chance de voltar para casa e visitá-los”. Claudio não fala português e comentou com o bom e característico humor que possui que, ao chegar ao Brasil, a primeira frase que aprendeu foi: “fale devagar, por favor”. Mas, a comunicação, como ele mesmo descreve, entre os países vizinhos não tem sido uma barreira.
Aventura no oeste paulista
Assim como a maioria das pessoas com que ele teve contato na região fez, é claro que uma pergunta não poderia ficar de fora por parte da reportagem: Por que escolher Presidente Prudente para passar alguns dias? A resposta é simples e não exigiu muito tempo para pensar. “A cidade simplesmente estava no meu caminho e não em um roteiro. Não há explicação, eu apenas entrei”. A incerteza sobre como veio parar aqui, é a mesma de quando e como ele irá embora, já que “tudo depende e influencia nesta tomada de decisão”.
“É preciso ter mente aberta para aprender, ensinar, conversar, e conhecer. Não falo nada de português, mas sempre encontro alguém que fala um pouco de espanhol, então a gente consegue se virar”. Sobre os desafios, principalmente financeiros, ele comenta que “é uma questão de saber lidar” e que as coisas sempre dão um jeito de dar certo. Com a venda de cartões postais dos países em que passa e também de placas de veículos, ele consegue levantar fundos para o sustento, montante levantado também com doações.
“Cada lugar me marca de uma forma. Aqui em Presidente Prudente, por exemplo, vi que o motor da Kombi não estava funcionando bem e foi quando encontrei um grupo de colecionadores deste veículo e que está me ajudando. O que mais preciso pedir além dessa amizade?”. O carro ficou estacionado nos últimos dias na base do Corpo de Bombeiros e a aventura, que ainda está longe de acabar, só poderia ser interrompida, como ele mesmo diz, caso o coração parasse ou se encontrasse uma paixão. “Aí, seria um caso a se pensar”.