Artistas de PP falam da magia de ser pai com desafios da profissão

VARIEDADES - Oslaine Silva

Data 14/08/2016
Horário 17:00
 

 

"... Mas eu só quero lembrar, que de dez vidas, onze eu te daria… Que foi vendo você, que eu aprendi a lutar. Mas eu só quero lembrar, antes que meu tempo acabe pra você não se esquecer que se Deus me desse uma chance de viver outra vez: Eu só queria se tivesse você!...". Nossa, essa música de Lucas Lucco, "11 Vidas" arrepia, enche o coração de amor e inevitavelmente faz os olhos lacrimejar! Isso porque foi feita especialmente para o Dia dos Pais, que neste ano é comemorado hoje. Em homenagem a todos os papais, começamos esta reportagem com essa canção trazendo três papais especiais que têm seus nomes conhecidos na arte e cultura de Presidente Prudente: Carlos Francisco Freixo, Luiz Antonio Peres Filho, o maestro Luizão e Jotacê Cardoso.

Jornal O Imparcial Em cada nota, pela música Luizão transforma com os filhos a vida mais colorida!

Pais, na maioria das vezes são - ou deveriam ser - os melhores amigos dos seus filhos e vice-versa.  Hoje o dia é deles, então se você anda sempre ocupado, tenha tempo para o seu neste domingo tão terno, assim como deseja que ele tenha para você! Como diz o professor, escritor e poeta, Freixo, pai de Daniel, 33 anos, Filipe, 31 e Thomas, 28, se a disciplina é baseada no amor, na compreensão e na união pai e mãe em todos os momentos dos filhos, não existirão "dificuldades", na criação deles.

"Por ser professor, que exige muito tempo fora, sempre que estava em casa procurava estar ‘junto’ com eles. E sempre com a Ively ao meu lado. Se às vezes acontece do pai passar uma recomendação e a mãe tem um outro olhar, isso deve ser conversado entre ambos quando estiverem a sós. Nunca soubemos o que era sair apenas os dois, pois somos um e eles são parte de nós. Compartilhamos angustias, ideias e alegrias. Quando lancei o primeiro livro, pedi permissão a eles ", expõe Freixo.

 

Estado de contemplação

Indagado sobre como se sentiu quando os filhos nasceram, o poeta que é presidente da APE (Associação Prudentina de Escritores) salientou que nessas horas se sentia um tanto imobilizado de qualquer reação. Isso porque, em sua visão poética, é um momento de contemplação, reflexão, é algo cheio de mistério que a vida apresenta e ali se tem consciências da responsabilidade grande que terá com esse novo ser que chega e que terá que conviver para todo o sempre: "cuidar, educar, estar junto, nos momentos possíveis sentir a pele, brincar... a nossa casa sempre foi assim, eles espalhavam brinquedos, montavam castelos, cabanas... tinha até forte apache. E a gente brincava junto", frisa.

Conforme Freixo, a arte caminha junto com a Ciência. "Porquê ao mesmo tempo que abrimos a imaginação precisamos defini-la, e a arte abre esse olhar, para quem, de que forma, então intensificamos muito a questão das cores, das palavras, o que elas representam... Porquê a vida só é boa por abrirmos esse olhar, porque se fosse apenas por cumprimento, sem prazer, nada teria sentido", frisa  Freixo.

 

Amor em partituras


Jotacê Cardoso. Ele encanta e é encantador, segundo os amigos, os filhos e apreciadores da arte de modo geral. O músico e produtor cultural tem em sua prole: Raquel, 37 anos, que trabalha com Literatura; Déborah, 32, professora e mamãe da neta Mariana, preferida do vovô e, o caçula Francisco, 23.

Com a voz embargada de emoção, Jotacê frisou que Raquel foi o seu primeiro sonho realizado, porque seu desejo de ter uma filha era grande demais. "Eu tive até problema com meus cunhados, porque ainda namorando, dei um conjunto de mamadeiras rosa para minha namorada ... Foi maravilhoso quando ela nasceu! Não me esqueço, até uns cinco anos, eu chegava da noite , principalmente em São Paulo, ela estava lá esperando para eu deitar no carpete e vir engatinhando, subia na minha barriga e ali adormecia!", recorda...

Já Francisco, foi que lhe deu o título de pai porque pode cuidar dele até os sete anos, fazia comida, dava banho... Ou seja, teve mais tempo com ele.

Conforme o produtor, ele começou na música aos 11 anos, e profissionalmente aos 17, quando criou o Clube do Meio Artístico... E a distância, longos períodos fora de casa em turnês sempre foram os maiores sofrimentos em ser um pai artista.

Mas, a arte em si já é uma mágica e completa as coisas do cotidiano, deixa os dias mais floridos e perfumados. "Assim como um filho . Meu filho compõe e toca, mas sempre o orientei a ter uma profissão paralela para não passar pelas instabilidades que um artista está sujeito... Hoje ele é formado em Ciências da Computação. Perdi meu pai em 1986. Ele era de uma geração que reverenciava muito a questão da honestidade, sinceridade, atributos mínimos que uma pessoa tem que ter para dormir em paz... Um momento marcante que tive com ele, foi em 1983, no Teatro Municipal de Prudente quando dediquei um show a ele, que estava ali, sentadinho na primeira fila", relembra o músico.

 

Tudo pela música


Luizão! Era para ele ser um médico hoje. Mas, o amor à arte falou mais alto e ele abandonou a faculdade de Medicina para estudar música e atualmente é um renomado solista e maestro do Projeto e Escola Camerata. Ele é motivo de orgulho, não somente para os três filhos Lara, Leonardo e Luiggi, mas também para seus alunos.

Luizão faz questão de salientar que sua esposa é a base de tudo. "Ela é minha grande parceira, está sempre ao meu lado em tudo. Isso é o mais importante, ‘pai e mãe’ devem ter um único significado, é preciso os dois para que a família funcione ", se declara o maestro!

Segundo o maestro, a sensação do primeiro filho foi maravilhosa porquê ali está um homem que imagina um parceiro, um amigo, que anseia ele seja alguém. "É uma semente da gente que dará continuidade a nossa geração. Ser chamado de pai é a coisa mais gostosa do mundo! Cabe a nós ensiná-los a terem força de vontade e, sobretudo disciplina. Mostrar que a luta é diária, mas acreditar em seus sonhos é preciso. Temos que pensar em seu bem estar, mas principalmente respeitar suas escolhas. E nesse momento a nossa arte contribui muito porque damos ênfase à sensibilidade da pessoa, o viver seus sonhos e não valorizar o dinheiro, este é consequência", enfatiza o professor de violino.

 

Experiência de vida


Luizão conta que no começo de sua carreira passou por muita dificuldade, porque sua família que apesar de sempre o incentivar a cultura, queria que ele estudasse e se formasse um médico. Acontece que a música falou mais alto e ele abandonou a Medicina. Foi um baque para todos, principalmente para o pai que era militar.

Luizão diz que hoje mudou muito, mas até pouco tempo, culturalmente para muitas pessoas ter um filho artista era sinônimo de "vagabundice". O que é totalmente contrário, quando se estuda todos os dias.

"E para um filho seria a mesma coisa, você sendo um artista, te perguntam o que teu pai faz... Sou um violinista, consegui transformar a minha arte e ser uma pessoa respeitada por ele. Todo dia você tem que acordar e defender o pão de cada dia e a arte, porque qualquer tropeço, pode ser o fim... Meu pai foi muito bom, aprendi com ele a ter respeito, disciplina com as pessoas, ter minha própria opinião", agradece.

 
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