Artistas falam sobre ensinamentos de suas amadas "estrelas guias”

Na terra ou já no céu, ao lado de Deus, as mães são lembradas por seus filhos como “algo lindo que aconteceu em suas vidas"

VARIEDADES - OSLAINE SILVA

Data 14/05/2017
Horário 21:58
 

Na terra ou já no céu, ao lado de Deus, as mães são lembradas por seus filhos como "algo lindo que aconteceu em suas vidas". Para eles, Deus as escolhe para que possam trazê-los a este mundo terreno. E aqui, como diz o louvor da cantora Aline Barros: "Seu coração é assim, não sei por que, mas é assim. Parece que não tem mais fim, um oceano de afeto. Quanto mais ama, mais tem amor. Quanto mais serve, mais tem pra dar. Tanto querer, tanta emoção. Tanto carinho por mim...". Assim é o coração de uma mãe e neste domingo especial dedicado a elas, trazemos três representantes do meio artístico para uma homenagem às suas rainhas, obras-primas lapidadas pelo Criador!

Jornal O Imparcial
Dona Carmem educou os 11 filhos pela fé, um deles Denilson Biguete

Educados pela fé! Assim foram criados os 11 filhos de dona Carmem de Almeida Biguete, 86 anos! Ela é a mamãe do ator, produtor, diretor de teatro e atual assessor da Secult (Secretaria Municipal de Cultura) de Presidente Prudente.

Denilson comenta que alguns dos irmãos moram fora, mas estão sempre reunidos, conectados ao eixo da família que é a matriarca. Segundo ele, sua mãe sempre foi a que detém os afetos. Que determina e conduz suas vidas. Dificilmente ele e os irmãos tomam decisões sem antes passar por ela.

"Nossos desabafos, angústias são sempre compartilhados com ela. Quando olho para os meus irmãos é a maneira mais fácil para eu falar dela. Vejo seis homens e cinco mulheres extremamente corajosos, afetuosos, amorosos, de um caráter inabalável, personalidade bem construída, com atitudes nobres. Tudo o que a nossa mãe nos ensinou!", exclama Denilson.

Dentre tantas coisas boas, Denilson diz que uma das lembranças que carregará por toda a vida é dele e os irmãos ao acordarem cedo, sentados à mesa enquanto comiam um pão com margarina, a mãe abria a Bíblia e lia para eles um salmo ou uma passagem. E lhes pedia para que fossem boas pessoas e que exercitassem o amor em todos os seus sentidos.

Então, ele se fez assim, uma pessoa forte, corajosa. Que exercita e tenta ao máximo ser o mais otimista possível em relação à vida e acreditar piamente no ser humano, na bondade humana. Pois, sua mãe que é muito espiritualizada, de muita fé, que acredita na vida, sempre ensinou isso aos filhos.

"Ela disse que seríamos grandes pessoas. Que deveríamos apenas seguir os bons exemplos. Ela é o maior de qualquer um. Penso na sua trajetória de vida. Somos de uma família muito pobre, tivemos uma infância carente e ela nunca deixou faltar nada para a gente. Estava sempre ali nos protegendo, nos livrando das coisas ruins. Estas são as imagens que tenho da minha doce mãezinha, o tempo todo".

 

Disposição aos 80!

No alto dos seus 80 anos, dona Apparecida Gomes Vicentini, a mamãe do ator, diretor e cineasta Vicentini Gomez esbanja disposição. Para ele, além deste predicado, a pequenina de 1,59 metro de altura, lhe passou exemplos que estão impregnados em sua essência enquanto viver: lealdade, honestidade e bom humor. "A baixinha é incansável. Passa o dia inteiro na labuta com afinco, e sempre sorrindo", explana o ator. Segundo ele, para falar dessa mulher tem que falar do seu pai Zé, que foi um desbravador do oeste paulista e norte do Paraná. Agricultor, em especial do hortelã (menta), era acompanhado por dona Cida naquele sertão, desde a derrubada do mato até o esgotamento da terra, quando partia para outra derrubada, reiniciando o ciclo, enfrentando todo tipo de dificuldade, carregando os seis filhos, que heroicamente criaram e educaram.

"Meu pai gostava muito de pescar e eu estava sempre a tiracolo. Na volta, invariavelmente com bastante peixe, a baixinha virava o bico, mas pegava a faca e limpava todo aquele peixe. Ao mesmo tempo em que estava limpando já ia fritando para o ‘bando’ comer", recorda Vicentini.

Outra boa lembrança que ele traz, eram os dias de chuva na fazenda. Nada a fazer, o dia inteiro em casa. Uma vez ou outra brincavam na enxurrada e na volta, a bronca do tamanho do mundo, mas os dias de chuva guardam uma lembrança ímpar:  sempre, ao final da tarde, enquanto Dona Cida estourava pipoca, descascavam alho e em seguida ela fritava. A criançada toda comia alho frito olhando a chuva.

"Adoraria poder dar-lhe um abraço bem apertado, um monte de beijos e um pouco de cócegas que ela não suporta, mas sei que adora . Mas, estou finalizando o filme do centenário da minha querida terrinha, Prudente, com lançamento marcado para o dia 6 de junho, e estamos com equipe trabalhando 15 horas por dia", explica o ator.

 

No céu!

O relato do grafiteiro Leonardo Ferreira, conhecido como Leozinho do street dance, do Grupo Ruas de Fogo, é de emocionar e, sem vergonha, deixar as lágrimas escorrerem na face sim. Sua mãe, Regina, morreu tragicamente em janeiro de 2016. Mas, bem antes disso, sua vida não foi nada fácil.

Quando criança, em São Paulo, Leozinho se perdeu dos pais no metrô e veio parar em um abrigo em Presidente Prudente. Assim, ele conta que teve uma infância sem limites de ambos. Leozinho diz que não gosta nem de lembrar, mas na época não existia o Eca (Estatuto da Criança e Adolescente), então a correção de qualquer erro das crianças era na base do chicote.

"Apanhei muito por isso e foi dessa forma que aprendi até a conhecer a Deus. Isso até que minha mãe teve condição de ter um terreno e construir nossa própria casa, uma determinação do Ministério Público para que tivesse de volta nossa guarda. Lembro-me dela ensinar o que eu e meus irmãos devíamos ou não fazer, e aprendi a ter regras para tudo. Com ela aprendi que precisava ser alguém na vida", recorda o grafiteiro.

Ele então escolheu uma profissão muito difícil, ser um artista da dança de rua, do grafite, essa linguagem heterogênea que é o hip hop. E sua mãe nunca entendeu sua escolha até pouco tempo atrás, podendo, infelizmente, desfrutar pouco disso com ele.

"O hip hop era algo visto com maus olhos. Diferente de hoje que, graças a internet, as pessoas estão cada vez mais se politizando através dessa arte que virou um conceito de situação natural entre a sociedade, onde como fundamento até na escola, dentro da área da Educação Física, os alunos estão aprendendo. Mas, que bom que ela pode ver e ter a certeza que absorvi um pouco do que ela me ensinou, manter o nome da nossa família limpo. Não esquecerei nunca disso", ressalta Leozinho.

 

Ela era o meu presente!

Leozinho acredita que o maior presente para qualquer mãe é ver o seu filho bem, com saúde e receber dele um abraço. E é o que ele gostaria de dar a ela neste domingo. Como o que lhe deu, pela última vez, pouco menos de um mês antes de sua partida, no dia 18 de dezembro de 2015! "Foi quando fiz uma foto com ela, qual meu grupo me homenageou estampando esta camiseta que carrego no peito! Ela lutou tanto para que a gente vivesse bem! Espero que aonde quer que esteja, tenha a certeza do quanto a amo!", exclama com a voz embargada pela emoção e a saudade, o nosso artista de rua.

E acrescenta que o que mais sente falta da sua mãe são as piadas que ela lhe contava quando estavam juntos ou por telefone. "Mas, o mais interessante é que ela deixou um CD gospel gravado então eu a ouço todos os dias através das orações que ela fazia. Minha mãe era uma evangélica muito fervorosa, muito crente em Deus!", destaca Leozinho.

 
Publicidade

Veja também