Com o slogan "Quem pode doa! Quem necessita, pega! Participe também! Quem tem frio não pode esperar", é de encher os olhos e enternecer o coração uma iniciativa que já existe em várias cidades brasileiras e que desde a quinta-feira está ocorrendo em Presidente Prudente, na Associação Filantrópica Dr. José Foz (que fica entre as ruas Ribeiro de Barros e Rui Barbosa). Trata-se de uma doação diferenciada de agasalhos, realizada pela instituição, que de maneira simples dispõe as roupas em um varal pendurado na rua, em sua calçada, como se fosse no quintal de casa. E essa é a ideia que é realmente transmitida, porque as pessoas passam e pegam o que precisam, como se estivessem recolhendo suas roupas secas do varal. Durante todo o inverno, as doações podem ser feitas no local, a qualquer hora do dia.
Ontem pela manhã, a reportagem pode vivenciar um momento feliz, quando uma mãe escolhia com sua filhinha um agasalho. A alegria da garotinha era algo tão puro e singelo. "Nunca vi nada parecido com isso! Como é bom saber que existem pessoas que fazem o bem umas às outras, mesmo sem conhecê-las", emociona-se a auxiliar de limpeza Sandra Monteiro Silva Maciel, 33 anos. "Nossa, que coisa boa! Eu estou precisando tanto . É sempre bom poder ajudar o próximo e eu vou pegar aqui só o que preciso, porque tem muita gente que também precisa", completa.
Ontem pela manhã, a reportagem pode vivenciar um momento feliz, quando uma mãe escolhia com sua filhinha um agasalho.
De acordo com o médico Silvio Roberto Felippe Bueno, 58 anos, não existe satisfação maior do que ver a alegria nos olhos de uma criança. "Uma grande satisfação que estamos tendo é ver a solidariedade das pessoas. A sensibilização da população. Isso tem um valor imensurável, pois podemos ver que existe muita gente de bom coração, que se preocupa com o bem-estar do próximo", ressalta um dos membros da entidade.
O bacana é que as pessoas ficam sabendo e vão repassando para os amigos. Foi assim com o advogado Cássio Pio, 56 anos, e a esposa, a professora Lílian Alves, 46 anos. "Um amigo me falou sobre o varal e disse que depois que deixou suas doações, ficou ao longe observando e viu que realmente as pessoas paravam, escolhiam e levavam algumas peças", conta o advogado. "Achei a iniciativa muito válida e não pensei duas vezes em contribuir, principalmente quando as notícias nos trazem mortes de pessoas por causa do frio, por não terem como se aquecer. Isso é muito triste. Precisamos sair do nosso mundinho e prestar mais atenção em volta", complementa.
Despertar para a vida
Outro membro da associação que se encontrava no local era o administrador de empresas, Gustavo Livero, 38 anos. "Neste ano, as temperaturas prometem um frio mais rigoroso e quisemos despertar na população a simplicidade e importância do gesto de doar. A princípio, as doações eram apenas entre nós mesmos, mas cada vez que olhamos o varal, caixas e outros embrulhos estão com coisas novas. As pessoas estão respondendo positivamente e fazendo suas doações. Estamos felizes com isso", acentua o administrador.
O médico Stanley Zaina, presidente da entidade, conta que a associação conta hoje com cerca de 80 integrantes de várias profissões, e é uma sucessora da Clínica Infantil Dr. José Foz, fundada em 1956, onde médicos, dentistas, entre outros profissionais da saúde prestavam atendimentos às crianças. "Com o advento do SUS , perdeu um pouco a força de atuação. Assim, quando transformou-se em uma associação, se tornou maior, pudemos expandir para muitas outras ações, todas com uma única finalidade: fazer o bem ao próximo. Agradecemos a colaboração da sociedade e ficamos felizes com os resultados", agradece o presidente da associação.
Oslaine Silva
