Localizado na zona norte de Presidente Prudente, o bairro João Domingos Netto foi construído por meio do programa Minha Casa Minha Vida, em convênio da Prefeitura com o governo federal. De acordo com a Seplan (Secretaria Municipal de Planejamento, Desenvolvimento Urbano e Habitação), este é um dos maiores conjuntos habitacionais realizados pelo programa e conta com 2,3 mil residências, que somam um investimento de R$ 179 milhões. Inaugurado em setembro do ano passado, a cerimônia de entrega das casas teve a presença da presidente afastada Dilma Rousseff (PT) e beneficiou 12 mil pessoas de famílias de baixa renda.
Posto de saúde existe no bairro, mas ainda não foi inaugurado
A estrutura habitacional possui pavimentação, redes de água e esgoto, drenagem e acesso ao transporte público, no entanto, por ser um bairro recém implantado, ainda enfrenta grandes necessidades que, segundo os moradores, estão longe de serem atendidas.
Conforme o marceneiro Orlando da Silva, 58 anos, o sentimento que existe é de completo abandono. "Eu tenho a impressão de que pegaram o povo e jogaram aqui", desabafa.
Uma realidade que exemplifica a situação de descaso partilhada pelos moradores é a ausência de um carteiro. Segundo o pescador profissional, Alvino de Souza Rodrigues, "o correio não existe". Enquanto limpa as redes de pesca, o munícipe conta que os próprios residentes precisam ir ao centro da cidade para buscar as correspondências. "O maior problema é que não temos como prever quando há alguma carta em nosso nome. Muitas vezes, a correspondência chega aos Correios e, como há um prazo de tempo para retirada, acaba voltando ao remetente. Daí, temos que aguardar o retorno. Eu acho que eles pensam que nós temos uma bola de cristal", reclama o morador.
A diarista Joana d’Arc, 48 anos, concorda que a falta do serviço de entrega domiciliar dos Correios é um dos maiores problemas do bairro. Ela relata que, em virtude da carência de carteiro, normalmente suas contas são pagas com atraso. "Temos acesso apenas às contas de energia e água e penso que só chegam porque eles são obrigados a vir fazer a medição", afirma.
Posicionamento
Procurada, a Assessoria de Imprensa dos Correios informou, em nota, que o bairro não conta com distribuição domiciliária porque "não atende aos requisitos básicos para a realização de serviço de entrega, como caixas de correspondências instaladas em todas as residências".
Uma vez que a situação for regularizada, os Correios realizam estudos técnicos para calcular todos os recursos necessários, tanto humanos quanto materiais, para atender a demanda local. Finalizado o processo, inicia-se a implantação da distribuição a domicílio. Enquanto isso não ocorrer, a recomendação é que os moradores continuem fazendo a retirada na agência dos Correios do município.
Saúde
O aposentado por invalidez Gregório Neto, 47 anos, está com um pé machucado e precisa fazer a troca do curativo por conta própria, pois para ele é inviável se locomover ao centro da cidade. Segundo Gregório, isso não seria preciso caso o posto de saúde presente no bairro funcionasse.
A moradora Daniela Araújo, 39 anos, afirma que a unidade local contém toda a estrutura necessária, mas nunca foi inaugurada, o que está deixando os munícipes impacientes. "Doença não espera", argumenta. De acordo com a Secom (Secretaria de Comunicação de Presidente Prudente), o posto de saúde será ampliado para funcionar plenamente até o final do ano. "A ideia anterior era a construção de dois postos no bairro, mas o governo federal só liberou um, portanto, a ampliação propiciará melhor atendimento a toda população", informa a pasta.
Opinião contrária
Em nota, a Secom ainda afirmou que acha "estranha" a afirmação dos moradores de que "estão abandonados", pois, "a Prefeitura concedeu a área para a construção das casas com toda a infraestrutura necessária para moradia". "A população conta com escola, creche e posto de saúde em construção, pavimentação com áreas de lazer e, em breve, uma avenida de quatro pistas com ciclovia", aponta.
SERVIÇO
SUGESTÃO DE PAUTA
A população pode promover suas reclamações, críticas e elogios sobre o bairro em que reside. O contato pode ser feito com os profissionais da Pauta, por meio do pauta@imparcial.com.br e do telefone 2104-3722.
