Amanhã, é comemorado o Dia Nacional de Doação do Leite Materno, mas como e, principalmente, por que, doar? Essas respostas não são tão procuradas como deveriam, mas são esclarecidas com uma simples pergunta: Você já ouviu falar sobre o Banco de Leite Humano de Presidente Prudente? A intuição é responsável pela coleta e distribuição de leite materno para bebês prematuros. Porém, se pensarmos no contraste de demanda e recebimento do banco, o resultado é desanimador.
Com um total de 75 bebês dependentes dessas doações, no mês passado a instituição só conseguiu suprir 57% desta demanda. Ao passo de que possui um estoque atual que geralmente totaliza sete litros e dura entre dois ou três dias, o banco já teve momentos melhores com 15 ou mais litros armazenados. Segundo dados do RBLH Brasil (Rede Global de Bancos de Leite Humano), a unidade de Prudente coletou 101,6 litros em abril, porém, adequados para a alimentação, foram apenas 97,4 litros, enquanto a solicitação dos quatro hospitais que atendem era de 180,1 litros.
De acordo com a coordenadora do banco de leite, Denise Campanharo, atualmente é atendida quase 60% da demanda total da cidade. Isso se deve ao número de 70 doadoras, ao passo que o ideal para suprir esse déficit seria de 120 e uma média de 180 litros mensais. Mas por que essa coleta é importante? Segundo dados de 2016 da pesquisa Nascer no Brasil: inquérito nacional sobre parto e nascimento, o Brasil tem uma taxa de 11,5% de crianças que chegam ao mundo antes do tempo. Esse índice é quase duas vezes maior que dos países europeus.
Evitar mortalidade infantil é o que ela destaca ser o principal fator da importância da doação. “O leite materno alimenta para o mundo, os prematuros dependem desse leite para ajudar na recuperação”, reforça. Segundo ela, a média de tempo das doações é de três meses, fora isso, em épocas como inverno e férias, as doações caem. “Às vezes, elas viajam ou no frio se sentem mais indispostas”, explica.
Salvando vidas
Ninguém nasce mãe, se torna. Não é raro ouvir relatos de como a maternidade transforma a vida de uma mulher. Esse momento divisor de águas traz consigo algo essencial para a qualidade de vida humana: o leite e o de Fernanda Benvenoto já tem destino certo. A mãe de Lucas, de 2 meses, vivencia pela primeira vez a maternidade e, segundo ela, a possibilidade de ajudar a vida de outros pequenos, de forma gratuita, mexe muito com o emocional. “Se este líquido salva tantos bebês e eu consigo alimentar meu filho, é uma ajuda que se faz necessária”, ressalta.
Segundo ela, ao se tornar mãe e receber um ser tão frágil nos braços, percebe o verdadeiro significado da palavra gratidão. “Ele nasceu no tempo certo e eu imagino o quão sofrido seria se não fosse assim”. Para ela, a ajuda não é apenas para os pequeninhos, mas também para as mães. “É um serzinho que podemos salvar e tirar da UTI [Unidade de Tratamento Intensivo], não custa nada, se eu pudesse ir e amamentar todos, eu iria, mas não dá”, lamenta.
CUIDADOS COM O LEITE DOADO
Entre a coleta e a destinação, o leite passa por um processo de seleção no banco de leite. Por este motivo, nem sempre o volume coletado corresponde ao compartilhado com os bebês. “É colhida uma amostra que analisa a qualidade do leite, se não contém sujidades, ou seja, bactérias [o mais comum são formigas e fios de cabelo]. Além de quantificar o índice de gorduras e proteínas. Após isso, é pasteurizado e pronto para o consumo”, informa Denise.
Ela orienta alguns cuidados necessários com os leites destinados à amamentação:
- O leite coletado não pode ultrapassar o período de 15 dias antes de chegar até o banco de leite;
- Não pode estar descongelado;
- Recomenda-se que faça a extração após a amamentação do filho, pois é um período em que a mama se encontra com excesso de leite;
- O frasco que será colocado o leite deve ser de vidro com tampa de plástico.
COMO DOAR?
As doações podem ser únicas ou fixas, isso depende da escolha de cada mãe. Segundo Denise, para doar, basta se direcionar à sede do Banco de Leite Humano de Presidente Prudente (no Palácio da Saúde da Secretaria Municipal de Saúde, localizado na Avenida Brasil, esquina com a Avenida Washington Luiz), ou entrar em contato pelo telefone 3226-3430. Após demonstrado o interesse em doar, o banco realiza uma visita domiciliar (nos casos de moradoras de Prudente e Álvares Machado). As mulheres de outros municípios que desejam doar devem se direcionar à UBS (Unidade Básica de Saúde) mais próxima, que vai entrar em contato com o banco e passar as devidas orientações. A mãe precisa estar saudável, é possível que sejam solicitados exames, mas geralmente a base é o próprio pré-natal da gestação. Não pode fumar mais que dez cigarros por dia, utilizar medicações que comprometam o leite e nem ter passado por uma transfusão de sangue em um período de um ano.
NÚMEROS
180,1 l
Quantidade que os hospitais solicitaram ao banco de leite em abril
94,7 l
Total de litros que o banco conseguir arrecadar para atender a demanda
120
Número de doadoras ideal para suprir toda a demanda dos hospitais
70
Número atual de mulheres doadoras
