Ontem, a celebração do Shokonsai no Cemitério da Colônia Japonesa em Álvares Machado completou 101 anos de história. Por conta da pandemia, os festejos tradicionais não aconteceram e o fluxo de pessoas no local foi controlado pela Aceam (Associação Cultural, Esportiva e Agrícola Nipo-Brasileira de Álvares Machado), grupo responsável pelo evento. Pela manhã, o monge budista Dan Myuki comandou um culto no templo, que fica próximo ao cemitério e, ao final tarde, o tradicional ritual das velas fechou a programação.
O Cemitério Japonês, ao longo do dia, ficou aberto para visitação. O secretário-geral da Aceam, Alberto Yukio Nakada, fala sobre a importância da realização do Shokonsai, que já tem mais de um século existência. “Esta homenagem é uma forma de gratidão aos nossos antepassados. Inclusive, foi o que monge disse durante a pregação: ‘Será que se morrermos hoje, daqui a 100 anos terá alguém rezando por nós?’. Então, esta é uma forma de agradecermos os que passaram por esta Terra e assim vamos mantendo a tradição de reverenciar os ancestrais”.
De acordo com o secretário-geral, de 800 a 1.000 pessoas de várias cidades da região passaram pelo local durante o dia. “O público que compareceu ao Shokonsai foi dentro do esperado. Em razão da pandemia, tomamos os devidos cuidados para seguir os protocolos sanitários e, desta maneira, evitar aglomeração”, completa Alberto.
O ápice da cerimônia, como de costume, foi o ritual das velas. Durante o crepúsculo do final de tarde, foram ascendidas velas nos 784 túmulos do cemitério. Em mais de um século de celebração do Shokonsai, nunca choveu durante o rito de ascendimento das velas. Um momento único que reúne reflexão, espiritualidade e excelentes imagens. Tanto é, que fotógrafos da região estiveram presentes na cerimônia para registrarem o evento.
O professor universitário, jornalista e fotógrafo, Roberto Mancuzo, foi um deles. Ele compareceu no Shokonsai pela primeira vez e conta que viveu um dos momentos mais emocionantes dele na fotografia. “Fiquei muito impressionado com a forma como a comunidade japonesa honra aquele espaço. A cerimônia das velas, que além de ser visualmente muito bonita, têm um elemento espiritual que agrega demais na produção das imagens”, pontua.
Roberto Mancuzo
Ápice da cerimônia, como de costume, foi o ritual das velas