Shokonsai ocorre neste domingo, com restrições devido à pandemia

Neste ano, haverá apenas um ofício budista pela manhã e o tradicional ritual das velas às 17h, no Cemitério Japonês de Machado; evento completa 101 anos

REGIÃO - CAIO GERVAZONI

Data 10/07/2021
Horário 07:56
Foto: Estevão Salomão/Folhapress
Momento mais esperado do Shokonsai é o ritual das velas, que sempre acontece ao entardecer
Momento mais esperado do Shokonsai é o ritual das velas, que sempre acontece ao entardecer

Neste domingo, o Shokonsai completa 101 anos de história. O evento é realizado desde 1920, no Cemitério Japonês de Álvares Machado, o único da América Latina. O nome da cerimônia está associado a “um convite das almas para celebração”. A solenidade ocorre sempre no segundo domingo de julho, tem o intuito de reverenciar os antepassados, e é organizado pela Aceam (Associação Cultural, Esportiva e Agrícola Nipo-Brasileira de Álvares Machado). Por conta da pandemia, neste ano será realizado apenas um ofício budista pela manhã e o tradicional ritual das velas às 17h. O cemitério estará aberto para visitação durante o dia, mas para evitar aglomerações, haverá controle de entrada das pessoas que forem até o local. O uso de máscara é obrigatório.

O secretário-geral da Aceam, Alberto Yukio Nakada, fala sobre a representatividade e a importância histórica do evento para a comunidade nipônica na região. “Nós somos o que somos graças aos imigrantes. Estes que vieram de uma terra tão longínqua, e bravamente lutaram, com grandes barreiras culturais, entre elas, a língua principalmente, e também sofreram muito com as doenças tropicais”. 

Alberto conta que 784 pessoas estão sepultadas no Cemitério da Colônia Japonesa e que o último sepultamento aconteceu em meados da década de 40 do século passado. “Na época, houve uma proibição do governo de Getúlio Vargas que considerou o local como um ponto de discriminação racial”, explica o secretário-geral da Aceam. E acrescenta que apenas um brasileiro foi enterrado lá, sabe-se que o nome dele é Manoel e que morreu tentando defender uma família japonesa. 

O momento mais esperado do Shokonsai é o ritual das velas, que sempre acontece ao entardecer, às 17h. Além da ocasião para reflexão e gratidão aos que já se foram, o cenário do local rende excelentes imagens ao delinear o contraste entre a chama das velas e o crepúsculo do final de tarde. Em anos anteriores, a cerimônia já recebeu mais de 3 mil pessoas, porém, por conta da pandemia, assim como no ano passado, haverá restrições na entrada. 


Estevão Salomão/Folhapress - Para evitar aglomerações, haverá controle de entrada das pessoas que forem até o local; evento ocorre no 2º domingo de julho

Cemitério japonês

O Cemitério da Colônia Japonesa de Álvares Machado está localizado às margens da Estrada Vicinal Vereador José Molina, no km 2. O local foi tombado pelo Condephaat (Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Artístico, Arqueológico e Turístico do Estado de São Paulo) em 1980. Os túmulos são feitos em alvenaria de tijolos, com base quadrada sobre a qual se apoia um elemento vertical, às vezes em pedra, com inscrições em ideogramas japoneses. Anexo ao cemitério, está localizado o Parque das Cerejeiras, que também é gerido pela Aceam.

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