CHARANGA DOMINGUEIRA de 18-09-2016

Esportes - Flávio Araújo

Data 18/09/2016
Horário 11:37
 

TODOS CANTAM SUA TERRA ...


É extraordinário o amor do brasileiro pela cidade em que nasce. Isto faz com que para mim seja difícil avaliar a situação de pessoas que, na defesa de interesses profissionais, se vejam distantes do torrão natal e muitas vezes não possam sequer retornar ao mesmo para uma visita que seja. O 14 de setembro que vivemos nesta semana me encontrou filosofando em torno desse tema. Lembrando os poetas de antanho do "ama a terra onde nasceste" ao "minha terra tem palmeiras onde canta o sabiá". Não é apenas a inspiração poética que faz o letrista dizer com palavras belíssimas que "a porta do barraco era sem trinco, e a lua furando nosso zinco, salpicava de estrelas nosso chão". O poeta encontra beleza em toda parte. Nossa terra é coisa nossa e nela vivemos sentindo-se como o filho que tem a seu lado a companhia do pai que o socorrerá em qualquer necessidade momentânea. Quiseram as circunstâncias da vida que eu dela me ausentasse por tanto tempo embora seja a mesma o refúgio encantado onde gostaria de depositar meus ossos cansados quando chegar a hora. Presidente Prudente está vivendo a véspera de seu centenário. O tempo é tão veloz que no cinquentenário, 1967, consegui que a Rádio Bandeirantes, onde trabalhava, concedesse espaço e montei e transmiti um programa especial para os 50 anos de minha Prudente. Faz uma semana, ou será um mês que tal fato se deu? Faz 49 anos. O certo é que nossa Prudente é um dos fenômenos urbanísticos deste país que supera adversidades, salta obstáculos e vai em frente. Pelo menos em Prudente é assim. Nasceu como a maioria das cidades do interior brasileiro. Nada daquilo que encontrou em sua fundação a modernidade de uma Brasília. Eram os tempos dos aventureiros que saíam em busca de novos ares e novas terras para plantar e colher. Ou então dos empreendimentos imobiliários que desafogassem as terras cansadas que estavam se transformando nas cidades mortas de Lobato. Prudente fez 99 anos e eu não estava aqui. Não pude reviver no local aqueles desfiles da minha infância de aluno do Grupão e do Estadual Fernando Costa. Lembrar dos dérbis entre Apea e Corinthians, onde em minha nascente profissão não se podia tomar partido. A pequena Prudente de minha distante infância que nunca saiu do meu coração hoje é uma capital de região com foros de grande cidade. Mas, pequena ou gigante, de meu coração não sai. Que venha o centenário. Quem sabe poderei rememorar todos estes fatos que acompanhei olhando o presente e sabendo que o futuro há de ser gentil com minha terra.

Flávio Araújo, jornalista e radialista prudentino escreve aos domingos neste espaço.

 
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