CHARANGA DOMINGUEIRA de 18-12-2016

Esportes - Flávio Araújo

Data 18/12/2016
Horário 17:42

A INFELIZ ESTREIA DO JUIZ DA TV


 

Qualquer semelhança nas declarações da Fifa e dos corruptos nas delações da Lava Jato brasileira não é mera coincidência. Existe nessas opiniões o mesmo corporativismo e defesa de interesses pessoais. A primeira introdução do juiz da TV no futebol foi vexatória. O lance que abriu o caminho para a vitória do Kashima diante do Atlético de Medellin poderia ser resolvido por qualquer árbitro de futebol de várzea que conhecesse as regras do jogo. Em primeiro lugar não houve pênalti nenhum e apenas um encontrão entre defensor e atacante que estava, no caso, em impedimento passivo. Depois de dois minutos o árbitro parou o jogo e cedeu à interpretação errônea da imagem apontando o tiro de rigor. Para começar: em toda cobrança de escanteio ou falta em que a bola é levantada na área existem agarrões. Muito mais por parte dos defensores já que os atacantes querem é escapar. Mas, também agarram. O árbitro, em posição privilegiada, não tem nenhuma dificuldade em saber quem puxou quem e marcar o justo. A TV, no caso, é uma excrescência dispensável. Na vitória do Real Madrid diante do América houve mais confusão. Mas, os dirigentes da Fifa consideram que a iniciativa foi positiva. Igual aos corruptos brasileiros que mesmo com provas de ações delituosas aos olhos de todos não têm nenhum resquício de dignidade em declarar sempre que são inocentes, que nada fizeram de errado. Sou um admirador do futebol verdadeiro, purista, feito por humanos para humanos e sempre me posicionei contra a introdução dessas novidades que a maioria dos colegas defende com veemência. Futebol dirigido pela "cibernética e o diabo a quatro". Desculpem se uso um oximoro, mas se o futebol se transformar nesse retardado modernismo, mesmo não estando mais por aqui darei um jeito de continuar combatendo a aberração. Porque como a lei de Murphy nada que está mal não pode ficar ainda pior. O progresso no futebol é muito discutível e uns admiram os olhos enquanto outros preferem detritos por eles produzidos. Valdir Pereira, o Didi, maior armador que o futebol brasileiro teve, hoje não conseguiria parar uma bola e Garrincha jamais poderia destroçar uma defesa como fez contra os russos em 1958. Seu técnico não permitiria tais "afrontas". Se a disciplina física e as táticas predominam no futebol a sua magia vai morrendo a cada dia mais. Fenecerá em definitivo quando a arbitragem for comandada por aparelhos fora do campo e impingida ao soprador de apito. Que mais do que nunca não passará disso. Melhor seria o árbitro atuar ouvindo uma rádio que transmite o jogo.

Flávio Araújo, jornalista e radialista prudentino escreve aos domingos neste espaço.  

 
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