CHARANGA DOMINGUEIRA de 26-04-2015

Esportes - Flávio Araújo

Data 26/04/2015
Horário 09:34
 

Nenhum brasileira fora da Libertadores


 

Creio já ter comentado que a Copa Libertadores da América nasceu sob a maior desconfiança de nossos clubes. Naquela época nossas grandes equipes passavam os períodos entre um campeonato estadual e outro correndo mundo. Principalmente, os grandes de São Paulo e Rio de Janeiro, mas na verdade havia jogos para os pequenos também. O Madureira correu mundo nas mãos do empresário Zé da Gama, um folclórico contratador de jogos que sabia histórias deliciosas dos bastidores do futebol.

Uma ocasião, não encontrando um clube para levar pelo mundo ele criou o Bela Vista, que correu o planeta de um polo a outro e andou criando casos terríveis. A Portuguesa Santista foi jogar na África do Sul em pleno "apartheid" contrariando ordens da Fifa e criou uma polêmica internacional. O XV de Piracicaba, do Estado de São Paulo, nas mãos de seu presidente e em vista da escassez de jogos acabou retirando os primeiros nomes e se transformando apenas em São Paulo.

Os empresários que agendavam os jogos eram quase todos argentinos, uruguaios e chilenos. Um dia descobriram que a Confederação Sul-Americana, que ainda não era Conmebol e que tinha sede numa saleta no Estádio Nacional de Lima, no Peru, sob a presidência do peruano Teófilo Salinas estava organizando um torneio entre os clubes da América do Sul. Ou seja, estava tirando o pão da boca da "pandilla" que tinha como comandante o chileno Samuel Rattinoff e que vivia em Guayaquil, no Equador.

Como viajava muito e irradiava jogos dos paulistas nas cidades do Pacífico estava íntimo com essas histórias. Essa a causa na época de se criar um clima anti-Libertadores que, acreditem, nasceu naquela salinha em Lima. Causa também dos brasileiros irem se agregando aos poucos e argentinos e uruguaios somarem tantas conquistas no passado e nos deixando para trás. Agora compareceram cinco representantes do Brasil enquanto os argentinos, sede do atual campeão o San Lorenzo, tinham seis.

O Brasil classificou seus cinco participantes, Corinthians, São Paulo, Cruzeiro, Atlético Mineiro e Internacional. Nenhum carioca e nem Palmeiras e Santos, fregueses e vencedores da competição. A Copa Libertadores só precisa de ordem para se igualar à Liga dos Campeões da Europa. Pode chegar lá e se transformar num torneio de elite tão brilhante como é a competição europeia. Não bastaria que os craques do Brasil, da Argentina e do Uruguai ficassem por aqui. A Conmebol é quem pode fazê-lo. Com tudo o que se exporta nos restam jogadores que não devem nada aos grandes clubes europeus.

 

 

Flávio Araújo é jornalista e radialista prudentino, escreve aos domingos neste espaço
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