CLT ou não CLT? Eis a questão – Parte II

OPINIÃO - Fernando Batistuzo

Data 14/10/2025
Horário 04:30

No artigo anterior, foi destacado o surgimento de uma possível nova polarização entre os jovens brasileiros, de um lado os empreendedores/empresários/autônomos, e, de outro os empregados/subordinados/CÉ-LE-TÊS, e o fato de alguns se julgarem superiores aos outros por adotarem ou escolherem uma ou outra forma de trabalho.
Neste vamos focar naquilo que entendo como sendo elemento muito relevante (não excludente de outros) para a tomada de decisão pelo imberbe trabalhador (aqui em sentido bem genérico), consistente na ambição de cada um.
Em pesquisa rápida sobre o significado de ambição, as respostas se referem, dentre outro sentidos, à acumulação de riquezas e a sucesso, não necessariamente juntos e não condicionantes entre si, mas sempre com a ideia de êxito ao se alcançar algo.
O “problema” ao se identificar a ambição como um dos elementos para que o jovem decida por qual trilha seguir é que em muitas das vezes – talvez na maioria dos casos – justamente por ser jovem o indivíduo ainda reflita muito pouco (ou quase nada) sobre a vida, e consequentemente, sobre ambição.
Uma parcela dos jovens associa ambição ao objetivo de ficar rico, milionário e, quem sabe, bilionário, ideia que tem sido cada vez mais incentivada por “gururs” das redes sociais. Geralmente esta é linha seguida pelos jovens que desejam empreender.
Por outro lado, há os jovens que, segundo analistas sobre o comportamento humano, vendo os pais trabalharem demais sem terem tempo para “aproveitarem a vida” (ideia geralmente ligada ao lazer e prazer), associam ambição à ideia de vida na qual seja possível equilibrar trabalho e tempo vago, o que geralmente chamam de “qualidade de vida”. Geralmente esta é a linha seguida pelos jovens que desejam ser CÉ-LE-TÊ.
Observa-se, portanto, que não há um único significado, um único sentido, muito menos definitivo, do que seja ambição.
Se a ambição for acumular riqueza, possuir bens materiais exclusivos e de valores elevadíssimos, quase que com certeza o jovem terá que seguir o caminho do empreendedorismo, visto não haver limites para o sucesso empresarial e financeiro, já havendo no mundo indivíduos trilionários. 
Detalhe importante aqui é quem em virtude da existência atual de sofisticados modelos de gestão (delegação de poder de decisão, e, valorização do capital humano da empresa) e da avançada tecnologia (inteligência artificial), muitos empreendedores têm comprovado ser possível alcançar sucesso material e qualidade de vida, no sentido de aproveitá-la. 
Se a ambição for realmente ter e gozar de mais tempo livre (ou equivalente) que trabalho, então quase que com certeza o jovem terá que seguir o caminho do emprego/CÉ-LE-TÊ, pois em regra cumprirá uma jornada de trabalho de no máximo dez horas e terá muito tempo livre no qual não precisará pensar e nem ficar à disposição para o trabalho.
Detalhe importante aqui é que existem empregados que possuem elevadíssimo salário com o qual, embora não cheguem a acumular a riqueza de um empreendedor muito bem sucedido, terão, sobretudo em comparação à média nacional assalariada, um altíssmo padrão de vida material. 
Logo, como dito no artigo anterior, cada um tem liberdade para fazer o que quiser da própria vida, até, vejam só, nem trabalhar de modo algum (ambição de alguns, aliás).
 

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