Colônia japonesa celebra hoje 100 anos do Shokonsai

Devido à pandemia, programação anual foi cancelada, ficando apenas o tradicional Ritual das Velas, às 17h

REGIÃO - THIAGO MORELLO

Data 12/07/2020
Horário 06:28
Estevão Salomão/Arquivo - O tradicional Ritual das Velas ocorrerá a partir das 17h
Estevão Salomão/Arquivo - O tradicional Ritual das Velas ocorrerá a partir das 17h

Shokonsai significa “convidar às almas para a missa”. Realizado em Álvares Machado todo segundo domingo de julho, no Cemitério Japonês da cidade, a cerimônia marca uma tradição que traduz o sentimento de valorização histórica e honra com a comunidade japonesa, que chegou no município em 1918. Mas foi desde 1920 que a cerimônia Shokonsai passou a ser realizada todos os anos, chegando assim ao seu primeiro centenário hoje.
Mas por conta dos decretos estaduais e municipais, impulsionados pela crise gerada com a pandemia da Covid-19, as celebrações que formam o Shokonsai foram canceladas, permanecendo apenas o tradicional Ritual das Velas, quando elas são acesas às 17h.
De acordo com o vice-presidente da Aceam (Associação Cultural, Esportiva e Agrícola Nipo-Brasileira de Álvares Machado) e coordenador do Shokonsai, Luiz Takashi Katsutani, o espaço estará aberto, a partir do horário relatado, para quem quiser participar da celebração. “Haverá o controle de pessoas, bem como a disponibilização de álcool em gel e aferição de temperatura, conforme as recomendações de saúde impostas no momento atual”, completa. Ele lembra que o uso da máscara é obrigatório, e a organização doará para quem não possuir.
E mesmo com um ano atípico, gerando um Shokonsai “mais tímido”, o vice-presidente lembra que são 100 anos, e que não poderiam deixar de celebrar e cultuar um momento “tão histórico” para a comunidade nipônica local.
“É reconhecer uma gratidão que temos por todos esses anos que já se passaram, mas principalmente por nossos avós e pais, que viveram a instalação nikkei na região e no país, e enfrentaram todas as dificuldades quando vieram para o Brasil”, reafirma.
Para este ano, estava programada ainda a implantação e inauguração do Parque das Cerejeiras, ao lado do cemitério, mas que desacelerou por conta da pandemia.

Da chegada até aqui

Como já publicado por este diário em outras oportunidades, e conforme o histórico, o primeiro sepultamento no Cemitério Japonês em Álvares Machado foi em 1918, mesmo ano da chegada dos primeiros japoneses na região. Com o passar do tempo, entre um acontecimento e outro, a maioria dos membros da já formada colônia japonesa decidiu que Naoe Ogassawara oficializaria, na sede da comarca, que o Cemitério Japonês de Álvares Machado seria de uso exclusivo dos orientais.
A partir disto, começou a construção do que mais tarde se tornaria ponto de recordação e solidificação da história do povo que ajudou a construir a memória da cidade.
No total, o local possui 784 sepultamentos, que se deu até 1943, quando parou a construção de novos túmulos, por ordem do então presidente Getúlio Vargas. Todos são descendentes nikkei, exceto por um brasileiro chamado Manoel, que foi sepultado no local após morrer defendendo uma família japonesa.

Fato histórico

Um dos momentos mais marcantes do Shokonsai é o tradicional Ritual das Velas, feito às 17h, e simbolizado também com o silêncio. Fato é que, desde 1920, nesse exato momento em que a celebração ocorre, os ventos cessam, fazendo com que as velas permaneçam acesas integralmente. Além disso, mesmo com anos em que fortes chuvas antecederam o dia da celebração, nunca choveu em nenhuma das edições da festa.

Foto: Estevão Salomão/Arquivo


Nunca choveu em nenhuma das edições da celebração

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