Com pouca verba, escola recorre a “vaquinhas”

PRUDENTE - ANDRÉ ESTEVES

Data 15/10/2017
Horário 13:14

Após 15 anos dentro das salas de aula e 18 fora delas, na função de diretora da Escola Estadual Professora Mirella Pesce Desidere, em Presidente Prudente, Célia Regina Zangirolamo Araújo irá se aposentar em janeiro. O momento é delicado: não é fácil abrir mão do ambiente que se tornou o seu segundo lar. Muito mais do que a dor do desligamento, o que deixa o seu coração apertado é a conjuntura na qual deixa a educação. Por conta da “falta de investimentos”, a unidade onde atua quase foi à falência em 2017, segundo ela. “Deixamos de receber várias verbas que até então recebíamos e agora precisamos fazer milagres com os recursos que temos. É como gerenciar uma casa. A diferença é que enquanto nela há, em média, quatro pessoas, aqui contamos com 1,4 mil alunos, 60 professores e 20 funcionários”, expõe.

No entanto, mesmo com o controle de gastos, nem sempre o orçamento é suficiente. Célia relata que, neste ano, os docentes tiveram que fazer uma “vaquinha” para comprar café e papel higiênico para os banheiros. “E se você não faz porque fica envergonhado de pedir a contribuição dos professores, a alternativa é tirar do próprio bolso”, afirma. Sem esconder as lágrimas, a diretora conta que sai satisfeita com o trabalho que desempenhou “com muito suor”, porém, triste pelos que ficarão. “Não precisávamos chegar a esse ponto. O governo tinha que olhar melhor para nós, funcionários, como um todo. Eu queria que tudo fosse diferente, mas o que vejo é que está ficando pior a cada dia que passa. Por isso e por tantas outras coisas, acho que nosso dia tem que ser muito valorizado por nós, já que o reconhecimento não vem de outro lado”, avalia.

 

Materiais e manutenções

A dirigente regional de Ensino de Presidente Prudente, Naide Videira Braga, aponta que as escolas do município são abastecidas por uma rede de suprimentos que requer uma nova licitação a cada vencimento. Ela conta que, neste ano, o processo demandou mais tempo, no entanto, foi finalizado neste mês, quando os diretores de escolas, nas quais o trabalho de asseio não é feito por empresas terceirizadas, puderam fazer novas compras de materiais básicos como produtos de higiene e limpeza.

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