Como o apagão das redes sociais implicou no setor de serviços?

Erro não detalhado pelo Facebook fez com que as mídias sociais do conglomerado norte-americano ficassem fora do ar ao longo da tarde desta segunda-feira

REGIÃO - CAIO GERVAZONI

Data 05/10/2021
Horário 19:54
Foto: Agência Brasil
Na tarde desta segunda-feira, redes sociais do Facebook ficaram fora do ar por algumas horas
Na tarde desta segunda-feira, redes sociais do Facebook ficaram fora do ar por algumas horas

Na tarde desta segunda-feira, as redes sociais do Facebook ficaram à deriva por algumas horas. Um erro ainda não detalhado pela empresa do bilionário Mark Zuckenberg fez com que os usuários do Facebook, Instagram e do WhatsApp não conseguissem acessar as plataformas do conglomerado norte-americano de mídias sociais. No Brasil, o acesso às redes do Facebook foi restabelecido, no início da noite, por volta das 19h20. 
Em Presidente Prudente e região, a reportagem conversou com pessoas do setor de serviços, que dependem, de certa forma, da interação com clientes e fornecedores a partir dos aplicativos digitais para exercer o trabalho diário. E o que elas disseram sobre o ocorrido na tarde da segunda-feira? 
O funcionário da conveniência Zap Zap, de Presidente Venceslau, Mauro Chaves, relata que o estabelecimento não foi afetado pela queda das redes sociais. “Não tivemos prejuízo graças a Deus. O sistema de delivery por meio do WhatsApp a gente usa mais à noite e, como já tinha voltado, não tivemos problemas”, conta. 
Gerente do H2 do Prudenshopping, Herison Fonseca Troiano narra que o restaurante também não teve inconvenientes quanto ao atendimento da clientela. “Não tivemos problemas porque a gente, na verdade, não utiliza o aplicativo do WhatsApp para vendas”, comenta. 

Transtorno

No caso da Instalojas Ambientes Comerciais, em Presidente Prudente, a funcionária de atendimento da loja, Suelen Cardoso, conta que a comunicação com clientes e fornecedores foi prejudicada, já que o estabelecimento faz o uso do WhatsApp para edificar esta ponte. “[O cenário] foi ruim, né? Inclusive as vendas pelo Whatsapp foi [sic] bem parado [sic]. Teve um transtorno grande”. 
A farmacêutica Vitória Coelho Novais, sócia-proprietária da Botica Magistral, expõe que a farmácia de manipulação teve que lidar com dois apagões em um período de 72h: o primeiro, de energia, ao longo do final de semana; o segundo, virtual, com o apagão das redes sociais do Facebook nesta segunda-feira. Ela utiliza o Instagram para divulgar as novidades da botica e o WhatsApp para estabelecer o atendimento com os clientes. 
“Olha, o nosso foi um acumuladão [sic] de apagões. E isso está sendo refletido até hoje. A gente usa um bot de comunicação [do WhatsApp] que faz o primeiro atendimento do pessoal, só que daí ele parou de funcionar. Com o apagão da luz, as mensagens, às vezes, chegavam e, às vezes, não chegavam. Já tínhamos um acumulado de mensagens para responder. [Quando a energia voltou] a gente ia começar a atender pelo Whatsapp e ele caiu”, conta a farmacêutica, que precisou consultar o cadastro de cada cliente e realizar o contato por telefone. “A gente teve que fazer uma força-tarefa para conseguir atender [a clientela]”, narra Vitória.  
No Terra Parque Eco Resort, em Pirapozinho, todo o departamento comercial e o de compras de insumos “ficaram travados” e 90% do negócio permaneceu estático durante a tarde desta segunda. É o que relata o diretor-presidente do resort, Júlio César de Moraes. “Em um primeiro momento, [o departamento] de compras travou, mas depois a gente conseguiu fazer os trabalhos via telefone. Mas, no caso do comercial, que é um departamento reativo, que nós divulgamos marketing digital para a gente trabalhar dentro das plataformas digitais, simplesmente travou. Para se ter uma ideia, nós tivemos quase zero vendas durante o dia todo”, analisa o empresário. 
Para o diretor-presidente do Terra Parque, uma grande lição da tarde caótica desta segunda é o investimento em outra plataforma para além das mídias do conglomerado do Facebook. 

Na comunicação

O redator da agência de publicidade Iberika, Junior Xavier, conta que o apagão das mídias sociais do Facebook comprometeu, principalmente, o planejamento diário da empresa. “Toda a equipe já estava empenhada em outros projetos, quando precisou parar tudo por um instante para analisar a gravidade do problema”. Segundo Junior, para superar a queda das redes sociais, a organização da agência passou a utilizar o e-mail e, em casos de urgência, o telefone. “Em outras palavras, optamos pelas tecnologias do início do século [21] para suprir a falta das plataformas atuais. E deu certo. Mas a gente torce para que não aconteça novamente”, pontua. 

"Muitos ovos numa cesta só"

Para o professor Roberto Mancuzo, diretor de estratégia de produção de conteúdo da Mancz Conteúdo Digital, junto a Carolina Mancuzo, o apagão das redes sociais do conglomerado de Mark Zuckenberg, em linhas gerais, pode ser visto por dois primas. “Por um lado, tivemos um prejuízo. Mas a gente também tem uma oportunidade de poder pensar que as mídias digitais podem e devem ser diversificadas. Se não, fica-se muito refém deste lance de colocar muitos ovos numa cesta só. Então, a gente pensar nisso, fazer um replanejamento e ampliar nosso trabalho com marketing digital dever ser pensado por aí, nas ampliações”, explica. 
De acordo com Mancuzo, os negócios, associados à produção de conteúdo, não devem ficar reféns das mídias sociais de uma única empresa. “[Este apagão] foi um sinal importante para os empresários. Para que eles consigam pensar numa diversificação do seu material, da sua produção e também de sua própria presença nas redes sociais. [...] O negócio não pode ficar restrito somente a uma única plataforma”, ressalta. 

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