Conde de Calheiros

António Montenegro Fiúza

«Ó terra onde eu nasci, terra de encanto,
Cheia de graça, ó cheia de beleza,
Deixa afirmar, nas vozes do meu canto,
Que és a mais linda terra portuguesa!

Num desperdício tonto, delirante,
Lanças ao vento, em gesto esbanjador,
O teu colar dum verde palpitante,
Onde tressua em febre o mar da cor.»
“Ponte de Lima”, Teófilo Carneiro, poeta português 

Era uma vez, num país não muito distante, vivia um Conde. Mas não um Conde de contos de fadas, mas um real nobre: Francisco de Calheiros, Conde de Calheiros, representante da Casa de Calheiros, chefe do nome e das armas, Senhor do Solar de Calheiros.
Sentamo-nos no Paço de Calheiros – casa que remonta à data da fundação de Portugal e que pertence à mesma linhagem, desde o século XII. Nesta residência, carregada de história, relembramos os tempos idos, suas glórias e honrarias, mas com olhos postos no presente e no futuro – que urge construir. 
Com a mesma hospitalidade e elegância dos cavalheiros do antigamente, o Conde de Calheiros fala-nos do Projeto Turismo de Habitação, sendo um dos fundadores da Turihab (Associação do Turismo de Habitação), projeto esse que conta já com 120 casas, por todo o país.
A Turihab defende o ambiente, o património e a sustentabilidade, a história e a herança cultural e pretende dar nova vida e um futuro às casas antigas e solarengas; o projeto estende ainda os seus tentáculos, de ação benéfica, às vinhas, aos animais, aos jardins e aos produtos regionais. Propicia o desenvolvimento da indústria transformadora caseira, numa economia circular que beneficia toda a comunidade. 
Ponte de Lima, Terra Rica da Humanidade, remete-nos para a longínqua data de 4 de março de 1125, quando a Rainha D. Teresa outorgou carta foral à vila. O riquíssimo património histórico, a beleza da zona ribeirinha, a cultura, a gastronomia e os seus jardins, com destaque especial para o Festival Internacional de Jardins, são apenas alguns dos argumentos que justificam uma visita.
«Hoje o tratamento do turismo faz-se muito com afetos e com a capacidade extraordinária de cativar pessoas, para que elas queiram repetir e voltar.» Assim se desenvolve o interior de um país, rico em história e patrimônio imaterial. Em contraste ao turismo das unidades neutras, impessoais e descaracterizadas, oferece-se a humanidade dos pequenos espaços e das pessoas comuns, doam-se experiências capazes de perdurar na memória, nunca descurando a qualidade e a defesa dos direitos do utente/cliente. 
A conversa decorre empolgante, sendo o cronista um entusiasta desta causa, agrada-lhe esta visão de futuro, a construção do futuro com alicerces firmes no passado. 

 

 

 

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