Creas tem baixa adesão no atendimento às mulheres

Durante a pandemia, unidade de Presidente Prudente registrou queda de 43,39% na procura por assistência 

PRUDENTE - ROBERTO KAWASAKI

Data 18/09/2020
Horário 08:15
Arquivo - Para Simone, na pandemia, vítima passa mais tempo perto do agressor, dificultando busca por ajuda
Arquivo - Para Simone, na pandemia, vítima passa mais tempo perto do agressor, dificultando busca por ajuda

A procura por atendimento às mulheres durante a pandemia caiu 43,39% entre março e agosto no Creas-2 (Centro de Referência Especializado de Assistência Social) - Serviço de Proteção e Atendimento Especializado à Mulher em Situação de Violência, em Presidente Prudente. Nos últimos meses, a unidade, que está em trabalho remoto, registrou 30 atendimentos; no mesmo período do ano passado foram 53 assistências prestadas, o que acende alerta de preocupação. 
De acordo com a coordenadora da unidade, Simone Duran Martinez, isso quer dizer que, no atual momento, as mulheres vítimas de violência doméstica passam mais tempo com os agressores, situação que as impede de buscar ajuda, mesmo que por ligação. “Isso pode estar prejudicando a vítima de ligar, porque o agressor está muito mais próximo dela”, analisa. “Isso nos leva a entender que estão com dificuldades de acessar os serviços que antes eram de fácil alcance”, afirma Simone.
Ela cita o exemplo de instituições como as escolas e serviços de saúde, que, muitas vezes identificavam os problemas e acionavam o Creas para intervir na situação. “Fazemos um trabalho socioeducativo com a mulher. Não adianta denunciar, é preciso entender a posição dela de querer ou não o acompanhamento”, lembra a coordenadora. 
Nos atendimentos, que provisoriamente ocorrem por telefone, o público feminino que precisa de ajuda tem a liberdade para conversar sobre a situação vivenciada. Quem está do outro lado da linha vai analisar o caso, explicar os riscos, diante do comportamento e atitude do agressor. A partir daí, segundo a representante do Creas, receberá orientações sobre os ciclos da violência, por exemplo. Ou, se precisar de orientação jurídica, será orientada a fazer contato com a Defensoria Pública. 

Denúncias online

Desde abril, a Delegacia Eletrônica (www.delegaciaeletronica.policiacivil.sp.gov.br) disponibiliza espaço para denúncias de violência doméstica. De acordo com a Polícia Civil, o atendimento eletrônico às vítimas de violência contra a mulher já estava sendo planejado, mas teve seu lançamento antecipado por conta da crise da Covid-19.
Assim como nos demais casos registrados pelo portal, os boletins de violência doméstica passarão por uma triagem e serão encaminhados às DDMs (Delegacias de Defesa da Mulher) correspondentes à região de cada ocorrência. Nas cidades que não possuem a especializada, a ocorrência será direcionada à delegacia territorial correspondente à residência da vítima. 

SERVIÇO
O atendimento do Creas-2 em Presidente Prudente ocorre de segunda a sexta-feira, das 7h às 17h. As mulheres que precisarem de orientações poderão entrar em contato pelo 3222-4696. A unidade também aceita ligações a cobrar. 

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